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Seminário lança comitê contra agrotóxicos em MS

Na agenda desta semana Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, o destaque é o seminário que irá lançar o Comitê Estadual Permanente Contra o uso de Agrotóxicos no estado. O evento acontece a partir das 13h30min no dia 1º de dezembro na Assembleia Legislativa, por proposição do deputado Laerte Tetila (PT).

O Comitê será formado por lideranças e entidades da área agropecuária e tem o objetivo de empreender um trabalho na busca pelo “fim do envenenamento compulsório do povo brasileiro”. No Estado, o uso de agrotóxicos é feito em larga escala, tanto nas lavouras, quanto na pecuária.

O Brasil é o primeiro colocado no ranking mundial do consumo de agrotóxicos. Mais de um milhão de toneladas de venenos foram jogados nas lavouras em 2010, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola.

Estudos feitos por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) apontaram uma ligação entre a intoxicação por agrotóxico e suicídios no Estado. O veneno causaria variações qualitativas e quantitativas nas sinapses, o que ocasionaria alteração do humor e sintomas depressivos como manias e agitação.

No levantamento, foram constatados, em 2004 e 2005, os sintomas em 149 dos 261 agricultores expostos ao agrotóxico, um percentual de 57,1%. Destes, 30 apresentaram distúrbios psiquiátricos menores e três tentaram o suicídio.

“É um problema que afeta todo o País e somente com um trabalho de conscientização, denúncia e muita luta poderemos, propor de fato, alternativas para acabar com o envenenamento das famílias”, alertou o coordenador do Comitê e presidente do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário de Mato Grosso do Sul), Vanderlei Severino da Silva.

Segundo os organizadores, o comitê irá atuar como um espaço de articulação das forças contra os agrotóxicos. Entre as atividades do grupo estão a realização de audiências públicas, criações de projetos de lei, busca de parcerias para estudos e o monitoramento e denúncias dos efeitos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente.

Outro evento marcado na agenda do Legislativo é a reunião da CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação), que acontece todas as terças-feiras, a partir das 14h30, no Plenarinho da Casa de Leis.

Subcomissão aponta forte correlação entre incidência de câncer e agrotóxicos

Agência Câmara/JG

Aprovado na semana passada, o relatório final da subcomissão que analisa o impacto dos agrotóxicos no País apontou, como problema principal, “forte correlação” entre o aumento da incidência de câncer e o uso desses produtos.

De acordo com o trabalho, em Unaí (MG), por exemplo, cidade com grande concentração do agronegócio, há ocorrências de 1.260 novos casos da doença por ano para cada 100 mil habitantes. A incidência mundial média encontra-se em 600 casos por 100 mil habitantes no mesmo período.

Segundo afirma o relator, deputado Padre João (PT-MG), que sugeriu a criação da subcomissão no âmbito da Comissão de Seguridade Social e Saúde, “diversos estudos científicos” indicam estreita associação entre a exposição a agrotóxicos e o surgimento de diferentes tipos de tumores malignos. “Eu concluo o relatório não tendo dúvida nenhuma do nexo causal do agrotóxico com uma série de doenças, inclusive o câncer”, sustenta.

Contaminação

O texto aprovado menciona também estudo realizado na cidade de Lucas do Rio Verde (MT) que constatou a presença desses compostos no leite de 100% das nutrizes (mulheres que estão amamentando) analisadas. “Além das proteínas, vitaminas e anticorpos, a amamentação dos recém-nascidos de Lucas do Rio Verde também fornece agrotóxicos”, afirma Padre João.

Na pesquisa também foram observadas, segundo o relatório, malformações em 33% dos anfíbios de um curso d’água da região e de 26% em outro. No grupo de controle, o índice teria ficado em 6% de casos.

Alimentos

De acordo com dados do Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos (Para) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentados à subcomissão, todos os 20 alimentos estudados nos 10 anos de vigência do programa apresentaram contaminação por agrotóxicos não indicados para sua cultura. Teriam sido encontrados ainda resíduos de agrotóxicos acima dos limites permitidos nos alimentos.

Segundo o relatório, o Brasil hoje é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Apenas em 2010, foi comercializado 1 milhão de toneladas das substâncias no território nacional. “No mundo, o crescimento do consumo de agrotóxicos foi de menos de 100% entre 2000 e 2009, enquanto no Brasil atingiu 200%”, compara o relator.

Propostas

Como forma de reduzir o que chama de “crescente envenenamento dos campos”, o relator apresentou proposta para reduzir de forma gradativa os benefícios fiscais e tributários concedidos aos agrotóxicos. Segundo o texto, hoje o produto conta com redução de até 60% do ICMS e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/Pasep e Cofins.

Sugere-se ainda a adoção de incentivos – como mecanismos tributários e linhas de crédito e financiamento público – à produção agroecológica. “Há exemplos de que no longo prazo esse tipo de agricultura é viável”, sustenta o relator.

Embalagens

Apesar de exigido por lei (9.974/00), o recolhimento e a destinação adequada das embalagens de agrotóxicos também seriam falhos, de acordo com a subcomissão. Os deputados constataram que no Amapá, por exemplo, não existe sequer sistema de recolhimento. “Muitos comerciantes também se recusam a receber as embalagens, como prevê a legislação”, afirmam.

A afirmação contraria dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), criado em 2001 pelo setor para solucionar o problema. De acordo com o Inpev, mais de 94% das embalagens são recolhidas. No entanto, os parlamentares constataram que o índice refere-se apenas aos produtos de empresas associadas à instituição. Hoje, o Inpev conta com 87 afiliadas, das 126 empresas atuantes no País.

Além disso, as embalagens de produtos importados ficariam fora do sistema de coleta e reprocessamento. Das mais de 789 mil toneladas de agrotóxicos consumidas no ano passado, estima-se que acima de 225 mil seriam importadas.

Comercialização

A subcomissão constatou ainda que não há segurança no controle da comercialização dos agrotóxicos, porque as informações do receituário agroeconômico, previsto em lei, simplesmente não chegam até os órgãos do governo. Com isso, nem estados nem União possuem dados concretos sobre o mercado dos agrotóxicos no Brasil.

Como forma de contornar o problema, Padre João propõe que a receita, hoje em duas vias, seja emitida com cinco cópias – uma para o agricultor, uma para o comerciante, e as três outras para os órgãos de fiscalização do governo.

Há ainda uma sugestão para que se adote para os agrotóxicos um sistema de controle semelhante ao existente para os remédios controlados.

Se aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família, o relatório será transformado em projetos de lei e recomendações para os órgãos de governo.

Batata sem agrotóxico é cultivada em município do Rio Grande do Sul

Controle de insetos em Colorado/RS é feito com óleo de nim, inseticida e fungicida orgânico originário da Índia
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Sementes da batata Macaca foram distribuídas a produtores do Rio Grande do Sul pela Embrapa Clima Temperado e estão sendo cultivadas sem agrotóxico no município de Colorado. Certificadas e livres de vírus, as sementes foram plantadas em setembro em solo adubado com dejetos de suínos e bovinos de 35 propriedades rurais.

– Os agricultores estão satisfeitos com o alto rendimento – disse o técnico agrícola da Emater/RS-Ascar, Jair Ross.

Segundo Ross, um quilo de semente chega a render até 15 quilos de batatas. Motivado, o produtor Moacir Rizzardi plantou 30 quilos. Após a colheita, em dezembro, Rizzardi ainda terá a opção de uma segunda safra.

– As melhores plantas podem ser cultivadas, em outra área, nos meses de janeiro e fevereiro – sugeriu Ross.

O controle de insetos na plantação de batatas é feito com óleo de nim, inseticida e fungicida orgânico, pertencente à mesma família do cinamomo, cedro e mogno e originário da Índia. Segundo a Embrapa, pelo menos 400 espécies de insetos se mostraram sensíveis à ação do nim. A planta, segundo pesquisas, repele, dificulta o crescimento, impede a eclosão dos ovos e mata larvas de insetos.

Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Agrotóxicos são a segunda maior fonte de contaminação da água

Por Leandro Carrasco, do MAB-Movimento dos Atingidos por Barragens.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no último dia 19 de outubro, um estudo sobre o saneamento básico no país. Nele, um fato soa um tanto quanto curioso: constata que os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação das águas brasileiras, atrás apenas do esgoto sanitário.

A análise apresenta ainda que, com 6,24%, os agrotóxicos ficaram a frente dos despejos industriais e da atividade mineradora como origens de contaminação. O uso indiscriminado dessas substâncias acaba afetando tanto a vida quanto a saúde da população.

A doutora Silvia Brandalise, presidente do Centro Boldrini, especializado em câncer infantil, localizado em Campinas e professora de Ciências Médicas da Unicamp, diz que por ser um composto derivado de benzeno, o agrotóxico é extremamente prejudicial à saúde, podendo disseminar o câncer. “O agrotóxico, a maior parte deles, tem como matéria-prima básica os derivados de benzeno. Os derivados de benzeno têm como ação importante a quebra de cromátides, que são elementos que compõem o cromossoma. Uma exposição aos derivados de benzeno ou à radiação, você consegue fazer uma mutação. Sendo assim, o câncer e outras doenças, que são mutações sucessivas, vão acontecendo na célula cronicamente exposta a esses produtos”, explica.

A utilização dos agrotóxicos em larga escala na agricultura chegou a tal ponto que é preciso parar com o despejo desses produtos, segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), Rosany Bochner. “A verdade é que chegamos a um limite. Não tem mais como falarmos apenas em diminuir ou usar outro tipo. É preciso acabar com o uso. Acreditamos que é necessário até mudar a maneira de como o Brasil lida com a produção de alimentos. Seria uma revolução maior”, afirma a coordenadora.

Outro grande problema apontado por Rosany é a questão dos alimentos geneticamente modificados, pelo fato de utilizarem “muito agrotóxico para o seu cultivo, em especial a soja. Com isso, toda a soja carrega uma quantidade enorme de produtos químicos na sua composição. Sem contar que os produtores que não utilizam os transgênicos, mas possuem agricultores vizinhos que os produzem, acabam por ter suas plantações também contaminadas”, explica.

Ainda segundo a coordenadora, o Brasil se habituou a utilizar a monocultura como forma predominante nas plantações, o que força os agricultores a aplicar os agrotóxicos.
“O que é proposto por especialistas de produção é a agroecologia. Entretanto, esse conceito iria mexer em uma questão cultural, já que hoje você tem todo mundo comendo a mesma coisa o tempo todo. Não há mais a produção de uma fruta, por exemplo, em determinada época do ano, e sim, a produção dela o ano inteiro, por conta da manipulação”, acrescenta Rosany.

Saúde

Chamados pela indústria de “defensivos agrícolas”, o uso de pesticidas ainda podem provocar danos na medula, a ponto de um transplante se fazer necessário. “O defensivo agrícola é um veneno para o homem, pois ele altera o cromossomo da célula. Uma das ações que ele faz no ser humano é diminuir a produção dos glóbulos brancos. Com a queda de glóbulos brancos, a imunidade cai. Isso provoca uma aplasia de medula, quer dizer, a medula óssea não produz mais os elementos do sangue. Nesse cenário, que é uma destruição global da medula óssea, só o transplante de medula pode resolver”, relata Brandalise.

Diversos estudos já comprovaram que foi detectada uma quantidade significativa de agrotóxicos em águas da chuva. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), existem teses que já provaram que essas toxinas foram encontradas no leite materno, o que prejudica na formação do bebê. Tanto para médicos, quanto para especialistas, a fiscalização das leis que regulamentam o uso dos agrotóxicos, e até a extinção deles, é essencial para que a saúde da população seja a prioridade na hora de se produzir um alimento.

Todavia, mesmo as legislações já vigentes que regulam a utilização desses produtos são pouco respeitadas pelo setor. “Existe legislação que proíbe a pulverização com veneno uma árvore que já tem frutos, por exemplo. Mas na prática se vê aviões pulverizando pés de banana, de laranja, etc., já com o fruto na árvore. Ou seja, a quantidade de derivado de benzeno que vai ficar nessa fruta é enorme”, salienta a doutora.

Além do fato de existirem diversos “produtos que estão com a quantidade muito maior de agrotóxico do que seria permitida pela Vigilância Sanitária. Nisso, os consumidores ingerem uma hortaliça ou uma verdura com um altíssimo teor”, enfatiza.
Intimidação

No entanto, apesar de já existirem diversos estudos que relacionam a contaminação da água por venenos agrícolas, Rosany destaca a dificuldade que há em associar causa e efeito nessa questão.
“O Sinitox registrava apenas intoxicações agudas. Contudo, com a contaminação da água, pode-se levar uma população a desenvolver uma desintoxicação que será crônica.  O sistema de saúde não irá registrar essa intoxicação como causada pelos agrotóxicos, pois ao longo do tempo é que irão aparecer os problemas. Verificar esse nexo causal, provar que existe essa relação, é muito difícil”, explica.

“É nessa incerteza que as indústrias se beneficiam, porque quando se vai fazer qualquer tipo de denúncia, ela exige que tenha uma comprovação de nexo causal. Como ainda não se tem essa relação, essas empresas acabam entrando na justiça contra quem declarou qualquer coisa, intimidando as pessoas de fazerem qualquer tipo de declaração. E por essa pressão, as pessoas acabam não falando sobre o assunto”, conclui.

Artigo sobre uso do neem na agropecuária

Artigo sobre Neem
Diretora da Preserva Mundi, Rominna Linemann escreveu o artigo O Super Neem - Propriedades da Árvore Indiana Ajudam no Controle de Ectoparasitas para a revista especializada AG.

O texto traz informações para um público específico - os criadores de gado - e fala das vantagens do neem no controle de carrapatos, entre outros insetos que atrapalham a criação de bovinos.

Uma alternativa natural, sem o uso de produtos químicos e tóxicos, e mais uma das tantas utilidades do neem

Repel Neem na limpeza de casa: funciona!

Quero deixar aqui o depoimento de uma colega, a Débora Menezes, jornalista e educadora ambiental, e proprietária do blog Educom Verde.

Ela utilizou um dos nossos produtos a base de neem para uso doméstico, o Repel Neem, para limpar a casa e afastar insetos. Acompanhe seu depoimento:

"Me mudei para um novo apartamento há pouco mais de um mês, e logo na primeira noite apareçam muitas baratas próximo aos ralos do banheiro e da cozinha. Fiz então uma faxina cansativa, e no final segui as instruções da embalagem de Neem Repel para diluir em água. Passei em todos os cantos do apartamento com um pano de chão úmido, e aspergi o líquido nos ralos e nas possíveis entradas de baratas e outros insetos (vão das portas, das janelas, etc.).

É difícil de acreditar que um produto praticamente sem odor (só o de citronela, de leve) e natural vá fazer algum efeito... normalmente a gente prefere crer que aqueles sprays de matar barata são suficientes, mas eu sou extremamente alérgica a produtos químicos. Acreditei no concentrado de neem e até agora, nem sinal e baratas.

Agora estou testando o Repel Neem Sachets, o extrato de neem em sachês para colocar em vários pontos da casa. Coloquei vários no meu guarda-roupa, para afastar traças. Parece que está funcionando... e é muito mais higiênico e menos tóxico que as antigas bolinhas de naftalina".

Você pode encontrar estes produtos a venda pela internet, no site do Empório Ros.