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O submundo dos agrotóxicos

DO IDEC

Recentemente, um escândalo envolvendo irregularidades na liberação de agrotóxicos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi parar nos jornais. O inseticida Diamante BR, da Ourofino Agronegócios, usado na lavoura de cana-de-açúcar, e o fungicida Locker, da FMC Química do Brasil, usado no plantio de soja, chegaram ao mercado sem passar pela avaliação obrigatória da agência reguladora antes de o produto ser registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Além desses, mais cinco produtos foram considerados irregulares. O caso é grave, já que a Anvisa é a responsável por impedir que produtos perigosos à saúde humana sejam comercializados e, consequentemente, cheguem à mesa dos brasileiros.

O Idec tem acompanhado esse caso com atenção, já que o uso de agrotóxicos faz parte de sua pauta de trabalho. Para tentar entender melhor essa história, a REVISTA DO IDEC entrevistou uma peça-chave: o ex-gerente geral de toxicologia, Luiz Cláudio Meirelles, que denunciou irregularidades do órgão. Pouco tempo depois, ele foi exonerado do cargo de confiança que ocupou por quase 13 anos.

Em 20 de dezembro, ele volta a integrar a equipe da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que o cedeu à Anvisa em 1999. Até lá, está de férias no Rio de Janeiro (RJ), de onde respondeu, por telefone, as perguntas do Idec

Idec: Você pode relatar o que aconteceu no caso de sua exoneração da Anvisa?
LUIZ CLÁUDIO MEIRELLES: Vou começar pelo final. A justificativa da Anvisa para a minha exoneração foi que eu não obedeci as regras para o encaminhamento das irregularidades que identifiquei e para o pedido de exoneração do gerente geral da Gavri (Gerência de Avaliação de Riscos), além do fato de o MPF (Ministério Público Federal) ter tomado conhecimento do caso antes de ele ter sido apurado. Eu discordei da justificativa, porque ela está muito aquém do que pode estar por trás disso tudo. Se eu perdi a confiança numa pessoa que é subordinada a mim, eu precisava tomar uma decisão. E, em relação ao MPF, eu não encaminhei nada a eles. Eu era um gestor técnico, detectei um problema, o documentei e encaminhei para os departamentos competentes, respeitando a hierarquia interna.

Posteriormente, a Anvisa me acusou de já ter conhecimento de que o gerente da Gavri era um problema. Eu refutei essa afirmação, porque ele gozava da minha confiança, assim como do supervisor, dos outros gerentes e do diretor. E assim que eu descobri coisas erradas, pedi que fosse exonerado. Mas fui surpreendido com a minha exoneração.

Irregularidades podem acontecer. O problema é usar o episódio para destruir o trabalho da gerência e desregulamentar o setor.

A reação à minha exoneração não foi só minha, envolveu mais gente, porque há algum tempo a gente vem levantando questões nessa área de agrotóxicos que estão sendo muito difíceis de conduzir. A proibição do metamidofós, por exemplo, gerou uma série de reações. Foram parlamentares cobrando da Anvisa e tentando derrubar a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) que proibiu a substância. Vinha sendo assim sistematicamente. Nós respondíamos várias coisas para garantir aquilo que é o nosso papel: retirar os produtos mais tóxicos do mercado e não dar registro para os que são perigosos. Mas a pressão vinha sendo muito grande.

Historicamente dentro da Anvisa, sempre fomos muito pressionados, o meu cargo sempre foi muito pedido por deputados. Teve um tempo em que a senadora Kátia Abreu [PSD-TO] foi para o Congresso falar mal da Anvisa. Nós entramos com representação contra ela, passamos por auditoria dentro da gerência. Mas continuamos tocando o trabalho como tem de ser. Implantamos um programa de resíduo que também foi muito combatido [PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos]. Não queriam que os dados fossem divulgados, pois isso causava problemas de produção. Então, ao longo dos anos, foi muita pressão. Acho que nos últimos dois anos houve um aumento de questionamento por parte da sociedade civil, levantamento junto à Câmara, filmes veiculados como O Veneno Está na Mesa, do Sílvio Tendler. Isso também está relacionado a uma reação.

Outra fato é que se está fechando uma norma que pode apertar os critérios de avaliação e classificação toxicológica. Houve muita reação a essa norma, que é a revisão da Portaria 3. Se os critérios para definir se um produto causa câncer ou não for muito flexível ou mais rígido, isso poderá representar melhores ou piores resíduos na sua mesa. Resíduo melhor não tem, mas pode ter resíduos de produtos mais ou menos perigosos na sua dieta. Um ponto importante sobre a Anvisa precisa ser pensado: o cliente da Anvisa nunca foi a empresa, muito menos quem usa aquele produto na produção. É o consumidor quem tem de ser o cliente da instituição. Uma norma que fala de avaliação toxicológica de um produto é de interesse principalmente dos consumidores de alimentos porque essa norma interfere justamente nos critérios que definem se um produto é ou não carcinogênico (tem potencial cancerígeno). Se uma norma como essa é muito flexível, o nossa salada terá mais produtos que podem causar câncer, causar alterações embrionárias etc. Essa norma vinha sendo alvo de muita pressão.

Idec: Mais alguém de fora, além do MPF, sabia das denúncias?
LCM: Não sabia, mas na medida em que eu fui apurando os fatos, cancelei o ato administrativo que colocava aqueles produtos no mercado, e isso também gerou indagações. E para as empresas que pediram audiência, eu tive de informar que algumas irregularidades tinham sido encontradas e que elas estavam sendo encaminhadas para que a autoridade competente investigasse.

A razão de ser da Anvisa em relação aos agrotóxicos é fazer a avaliação toxicológica. Se um produto é liberado sem essa avaliação, é preciso cancelar o ato administrativo e começar tudo de novo. Por isso eu cancelei todos os produtos irregulares e comuniquei o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Isso gerou uma reação, principalmente de quem achava que estava tudo resolvido com o seu produto, só que não estava, porque o processo de liberação não tinha sido feito da maneira correta.

Idec: Dá para se ter uma ideia de quando essas irregularidades começaram a ocorrer e de quantos produtos estão envolvidos?
LCM: Eu identifiquei as primeiras irregularidades em meados de agosto, mas teve produto que foi liberado em dezembro do ano passado. A maior parte se concentrou no primeiro semestre deste ano. Foram sete produtos. Pode ser que uma auditoria mostre mais, mas não será uma busca fácil.

Idec: E você acha que vâo aparecer mais produtos?
LCM: Pode ser que sim. Espero que a avaliação descubra se existem outros para que o registro possa ser cancelado até que eles sejam regularizados. Não é algo que se descubra facilmente porque, às vezes, a documentação do produto está toda bonitinha. É preciso ver quem fez a nota técnica e se ela foi feita corretamente. Felizmente, nesse primeiro momento, encontramos um número pequeno de empresas e produtos irregulares se compararmos com o número total.

Idec: E você já havia solicitado, no passado, investigação sobre outras liberações irregulares?
LCM: Foi a primeira vez que eu detectei irregularidades em relação à avaliação toxicológica e a liberação de produtos formulados. Passamos por auditoria em 2008 e eu nunca desconfiei de que algo errado pudesse estar acontecendo. Esse é o tipo da coisa que você descobre de repente.

Idec: Qual seria a “culpa” do Mapa? Dá pra dizer que ele é o epicentro desse esquema?
LCM: Não dá para falar isso, não. O que eu falo é que há uma questão política maior, a gente sabe quem são os grupos que pressionam. É o setor regulado junto principalmente com os ruralistas, os grandes produtores de commodities. Os pequenos e médios produtores estão organizados de outra maneira. Então não tem um epicentro. Estão falando sobre a criação de uma agência de regulação, a agência nacional de agroquímica. Isso também pode ser uma questão mais profunda. Durante o seminário que aconteceu no Congresso, a senadora Kátia Abreu disse que o modelo ideal para avaliar agrotóxico é o da CTNBio e que o modelo que temos hoje não serve. A gente sempre se posicionou contrariamente a isso.

Há uma compreensão de que isso não é da área da saúde, tanto que há projetos de lei tentando derrubar nossa competência. Eu entendo isso como um brutal retrocesso para o País. Defendo o contrário: tem que se avançar ainda mais com as áreas de saúde e meio ambiente na avaliação dos produtos, ainda mais num País que pelo 4º ano consecutivo é o maior usuário de agrotóxico do planeta. A gente tem de ter uma preocupação com a saúde da população. E além dos alimentos, isso cai no solo, cai na água, em todo canto. Se você for procurar monitoramento de resíduos, hoje só tem o de alimentos. Para um país que tá usando quase 1 milhão de toneladas de agrotóxico por ano, é uma questão importante. O consumidor tem de se apropriar e entender que o que é feito ali vai se refletir na sua vida. Pode não ser de imediato, mas reflete a longo prazo.

Por isso é tão necessário tirar do mercado moléculas velhas que têm implicação em problemas de saúde, não deixar entrar essas novas que tem esses efeitos crônicos conhecidos, ampliar a base de produtos para a agricultura orgânica e agroecológica. O setor de saúde tem de garantir isso, e para isso tem que ter sua competência garantida.

Idec: E o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) liberou os agrotóxicos cujos IATs (Informes de Avaliação Toxicológica) foram forjados? O órgão não suspeitou ou constatou irregularidades?
LCM: Isso a investigação dirá. Não posso dizer se tem ou não irregularidade nesse órgão porque os estudos apresentados são diferentes, as motivações são diferentes, a avaliação que é feita em cada órgão é diferente. Às vezes, um produto é autorizado pelo Ibama, mas não pela Anvisa, e vice-versa. A avaliação deles é ambiental, enquanto a nossa visa à saúde humana.

Idec: Este tipo de irregularidade se deve apenas à pressão política e econômica ou é um esquema de corrupção? Ou as duas coisas?
LCM: Eu prefiro deixar isso por conta da investigação. Acho que pode ter um pouco de cada coisa, mas não posso afirmar nada. Minha única preocupação é que nesse tipo de episódio, sempre existem pessoas interessadas em se dar bem. E tem os oportunistas, que tentam aproveitar o momento para desestabilizar o setor e dizer que as coisas não funcionam. E, diante do cenário que a gente vivia na Anvisa, de constante embate e discussão, isso aí é a sopa no mel, a oportunidade de dizer que está tudo errado. Mas o trabalho não está errado, ele é feito de forma competente. Só que eu sempre falei para os diretores que eu me ressentia de não termos uma área de investigação que nos desse suporte permanente (que investigasse como as coisas acontecem, como gestores e servidores conduzem seu trabalho), porque lidamos com mercados gigantescos, com interesses econômicos muito fortes. Isso nos deixa muito fragilizados. As coisas podem estar acontecendo e você nem percebe. E quando irregularidades são descobertas, você também não recebe apoio. É como se fôssemos criadores de caso. E não é isso. Eu não sei o tamanho da coisa com que eu estou lidando, eu sei lá se é uma coisa estruturada, uma máfia.

Idec: Quais órgãos, empresas e pessoas, a seu ver, estão envolvidos nesse esquema?
LCM: Até o momento em que eu saí, havíamos identificado quatro empresas. Mas a Anvisa disse que vai fazer uma auditoria, e espero que faça mesmo.

Sobre os órgãos não posso afirmar nada, mas um jornalista da Folha de S. Paulo levantou algumas falhas do Ministério da Agricultura.

E em relação à equipe técnica da Anvisa, ela não me parece ter nenhum envolvimento com o problema. Mas pode ser que depois da apuração policial sejam detectadas outras irregularidades.

Idec: Quais as principais ameaças que pairam sobre o papel da Anvisa na avaliação e reavaliação de agrotóxicos?

LCM: Há projetos de lei que tentam tirar nossa competência. É uma pressão que vem principalmente dos produtores de agrotóxicos e de quem usa esses produtos. Essas pessoas veem a atuação da área de saúde como um problema, alegam que é lenta, que faltam produtos no mercado. O que não são argumentos verdadeiros, porque desde que eu entrei na Anvisa, em 1999, a produção agrícola no Brasil nunca parou e nunca faltou produto, apesar das proibições.

Outra ameaça são as regras que vão estabelecer os critérios para a avaliação dos produtos. A preocupação é que se a regra for malfeita, flexível, irão aumentar os registros de produtos perigosos. Na Anvisa, trabalhamos com a avaliação de perigo, que significa que quando o produto é testado em animais e se mostra carcinogênico, não pode ser autorizado. Não vou ficar calculando se em humanos vai ter um caso por cem mil ou por um milhão, simplesmente não autorizo. O nosso critério é de restrição, ou seja, se o produto tem efeitos crônicos conhecidos e a lei nos respalda, não tem discussão, ele não é autorizado.

É preciso ter critérios muito claros para avaliar produtos, senão passa tudo. Se a gente tem uma agência reguladora, ela tem que regular. Se não, é melhor desregulamentar, como muitos acham que é possível. Eu não acredito numa sociedade que se autorregulamenta, mas bem que eu gostaria que todos soubessem das suas responsabilidades e que os fabricantes só colocassem no mercado produtos que não fazem mal nenhum, mas as regras de mercado desrespeitam tudo. Se o cara descobriu uma coisa que acha que funciona e está a fim de vender, o restante pouco importa. O regulador entra para colocar ordem nisso.

A gente já proibiu alguns agrotóxicos durante a minha gestão, tiramos uma serie de produtos do mercado. Tudo conseguido com muita resistência, muitas brigas judiciais. Felizmente o Judiciáro tem dado sentenças exemplares sobre a nossa competência, e conseguimos não perder as decisões. Isso tem de ser mantido, a reavaliação é um ponto importante. Tem um bocado de moléculas que já deveriam estar proibidas. Mas para fazer isso, é um trabalho muito pesado e penoso.

A equipe da Anvisa é muito qualificada em toxicologia, todos com mestrado. Mas precisa de um apoio político maior e ser respaldada por alguns setores da sociedade para que possa fazer o trabalho com tranquilidade e reduzir as pressões do outro lado.

Uma terceira ameaça é a criação de uma agência de regulação, a Agência Nacional de Agroquímica. Se essa agência seguir o modelo da CTNBio, como alguns querem, será bastante problemático, tendo em vista o grau de insatisfação com a tomada de decisões em relação aos transgênicos. O modelo que temos hoje é complicado, burocraticamente falando, mas funciona.

Outra coisa que não chamo de ameaça, mas de desafio, é fortalecer os produtos destinados à agroecologia. Já existe um esforço para encontrar mecanismos mais ágeis de avaliação e disponibilização desses produtos para substituir os agrotóxicos mais tóxicos. Porém, embora haja muito espaço e muita tecnologia [para agroecologia], falta investimento. Muitas vezes você tem uma verba grande destinada ao agronegócio, e não tem uma verba destinada a mecanismos de controle que podem diminuir tremendamente o uso de agrotóxicos.

O que se busca é isso, entender que esse é um tema central nesse debate; não é uma coisa periférica. Fortalecer essas novas tecnologias. Para isso as instituições têm que apostar, acreditar, investir, se não esse tipo de coisa não acontece. É um baita desafio, mas é o futuro.

Idec: Os últimos relatórios do Para (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos) mostram que em cerca de 30% das culturas examinadas são utilizados agrotóxicos proibidos ou em excesso. O que o consumidor pode fazer?
LCM: É preciso lembrar que os clientes da Anvisa não são as empresas, muito menos quem usa agrotóxicos na lavoura. É o consumidor. A população tem que entender que uma decisão mal tomada pela agência pode aumentar o número de doenças e até de mortes. É importante o consumidor cobrar a agência reguladora para que ela de fato trabalhe em normas e leis que reduzam a contaminação dos alimentos. Se deixarmos moléculas velhas e tóxicas serem comercializadas por pressões do mercado e políticas, isso vai se refletir diretamente na nossa mesa. Apesar de ninguém morrer de imediato, isso pode se refletir na saúde ao longo dos anos.

Os consumidores e o Idec, como seu representante, tem de acompanhar essa causa e se fazer presente, pedindo para a Anvisa tirar as moléculas problemáticas de circulação, ter critérios rígidos para que produtos que causem câncer não sejam aprovados etc. Isso tem que ficar claro para a população, se não a discussão fica só entre aqueles que têm interesse no mercado desses produtos.

Este ano se iniciou a análise fiscal para produtos in natura, os quais tínhamos dificuldade de rastrear. Durante dez anos só fazíamos análise de orientação. Agora a ideia é responsabilizar mais o varejista e o produtor em relação a isso.

No PARA 2012 nós trabalhamos com uma cultura só [na análise fiscal]. Para o ano que vem não vi o resultado das discussões por causa da minha demissão. Mas havia propostas para outras áreas, como produtos veterinários, leite, de se unificar esses programas, dar uma resposta maior à sociedade e usar a experiência do PARA a fim de que outros também avancem. Acho que o consumidor, e o Idec como representante, tem de estar junto, chamar outras entidades para atuar junto para que a gente produza os melhores resultados e diminua o grau de contaminação.

Idec: E por que o Para 2011 ainda não foi publicado?
LCM: Ele deveria ter sido publicado no final de novembro, mas aí aconteceu esse problema todo [da demissão]. Agora eu estou do lado de cá, junto com os consumidores, cobrando. Essa situação tumultuou muito a equipe, mas espero que ele saia este ano ainda.

Idec: No Mato Grosso, principal estado produtor de grãos do País e campeão nacional de uso de agrotóxicos, e em vários outros estados, há inúmeras denúncias de que agrotóxicos já proibidos [metamidofós, por exemplo] continuam a ser usados. Em teste recente detectamos em pepinos em conserva resíduos de um que também não é autorizado [parationa etílica]. Qual é a situação da fiscalização? Há descontrole total? De quem é a responsabilidade dessa fiscalização?
LCM: A responsabilidade de fiscalização no campo é do Ministério da Agricultura e das secretarias de agricultura. A Vigilância Sanitária também participa, mas a gente entra no ponto exato de verificar a qualidade do alimento em relação à quantidade de agrotóxicos, que é o que o PARA faz, imediatamente antes do consumo. Essa informação é repassada aos órgãos de agricultura, que junto com a Vigilância Estadual pode retornar na cadeia produtiva e corrigir o problema. A situação está distribuída dessa maneira. A ideia é essa: o PARA produz a informação, retorna pros vários entes no seu nível local, e eles tentam mudar o que está causando contaminação.

O PARA foi criado porque avaliar agrotóxico é caro e complexo e a gente precisava agir de maneira unificada, com uma coordenação nacional concomitante com os estados. Agora com a análise fiscal talvez seja mais direto, porque será tratado com o fornecedor e distribuidor de alimentos. Ele tem de comprar de origem conhecida e com qualidade. Muda um pouco o escopo da atuação. A gente tem atuado até com o Ministério Público eventualmente, em alguns estados chegam a ser necessários termos de ajustamento de conduta para que os órgãos cumpram com seu papel em relação à fiscalização dos agrotóxicos. A ideia foi trabalhar conjuntamente para dar apoio àqueles estados em que sabemos que as pressões poderão ser maiores.

A gente espera que a rede varejista assuma isso de fato, entendendo que contaminação por agrotóxico é um problema de saúde pública.

Organics Brazil fecha 2012 com US$ 129,5 milhões em exportação

Do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidos (Idec)

O Projeto Organics Brazil encerra o ano de 2012 com US$ 129,5 milhões em negócios de exportação para os próximos 12 meses, tendo participado das principais feiras internacionais: Biofach Alemanha (Nuremberg), Expo West (Ananheim), Natural & Organics Products Europe (Londres), SIAL Canadá (Toronto), NOPE Asia (Hong Kong) e Biofach America (Baltimore).
           
“Foi um resultado acima de nossas expectativas para um mercado que ainda ressente da retração da economia, principalmente nos mercados da Europa.  A realidade é que o segmento de orgânicos continua em alta, com forte demanda para produtos da nossa biodiversidade em que os atributos de sustentabilidade estão presentes. Apesar da discreta recuperação da crise econômica na Europa, os mercados continuaram em crescimento com índices semelhantes anteriores a 2009. Nos Estados Unidos, o mercado cresceu  entre os produtos que já se incorporaram na cultura norte americana, como a água de coco, o açaí, camu-camu e as castanhas do Brasil, que estão presentes em produtos como: as bebidas prontas, cereais matinais e barras de cereal. Em 2013, como tendência mundial, apostamos no crescimento do setor de ingredientes funcionais, probióticos e suplementos alimentares”, comenta Ming Liu, coordenador executivo do Organics Brazil.

O Projeto Organics Brazil encerra 2012 com êxito na meta comercial e com novas frentes e oportunidades de atuação, como os grandes eventos internacionais. No plano de novos mercados, a ideia é expandir para ações de parcerias com os setores comerciais de consulados e embaixadas nos países alvos, como ocorreu este ano em Hong Kong, Austrália e Canadá.

Crescimento Sustentável

Em 2012, o Projeto Organics Brazil aumentou as exportações do grupo de 74 empresas na ordem de 50% em relação ao ano passado. “Foi um grande resultado impulsionado pelas exportações de açúcar, pois continuamos sendo o maior exportador de açúcar orgânico do mundo com cerca de 250.000 toneladas/ano”, explica Ming Liu.

O projeto atualizou sua identidade visual, internacionalizando o nome, passando a escrever Brazil com “Z”; destacar a letra S para reforçar a imagem de Sustentabilidade dos empreendimentos e formatou estratégias de parceria com instituições mundiais como: IFOAM, Organic Monitor e ISO.

Em 2013, o Organics Brazil preparou uma agenda internacional com feiras e missões comerciais; internamente colaborará na elaboração de um catálogo do setor, participará de seminários, workshops e câmaras temáticas; além de ser a entidade articuladora da Biofach América Latina, que acontecerá em junho em São Paulo.
           
“Nossa meta para 2013 é crescer de 74 para 100 associados e gerar US$ 120 milhões em negócios de exportação”, enfatiza Ming Liu.

Valor em exportação

2005 – US$  9,5 milhões
2006 – US$  15 milhões
2007 – US$  21 milhões
2008 – US$  58 milhões
2009 – US$  44.3 milhões
2010 – US$  108,2 milhões
2011 – US$  87 milhões
2012 – US$ 129,5 milhões

Embrapa promove o Workshop Insumos para Agricultura Sustentável

Da Redação


A Embrapa Clima Temperado promove o Workshop Insumos para Agricultura Sustentável no período de 27 a 29 de novembro de 2012, o qual visa apresentar aos participantes as principais pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento na área de agrominerais, fertilizantes orgânicos e fitoprotetores, contemplando: a prospecção de potenciais insumos, suas formas de utilização, as avaliações para segurança ambiental e alimentar de seu uso e as normas para registro de novos insumos.

Serviço
Workshop Insumos para Agricultura Sustentável
Data: 27 a 29 de novembro de 2012.
Local: Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS


Maiores informações no site do evento através do link - http://www.cpact.embrapa.br/eventos/2012/workshop_insumos/index.php 

A união para enfrentar o uso abusivo de agrotóxicos

Inca, Anvisa e Fiocruz se unem no combate aos agrotóxicos

Da Agência Fiocruz de Notícias

A troca de conhecimentos entre as áreas de saúde, meio ambiente e agricultura e a união de esforços de diferentes instituições para o enfrentamento do uso abusivo de agrotóxicos foram os principais ganhos do Seminário Agrotóxicos e Câncer, realizado nos dias 7 e 8 de novembro na sede do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Centro do Rio de Janeiro. Promovido pelo Inca e a Fiocruz - órgãos do Ministério da Saúde - e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - o evento contou com a participação de especialistas de órgãos de outras áreas, como os ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário.

No primeiro dia (7/11), pesquisadores da Anvisa, da Uerj, da Universidade Federal do Ceará, da Universidade Federal de Pelotas, da Fiocruz, do Inca e da organização Rede Ecológica discutiram a contribuição dos agrotóxicos nos casos de câncer no Brasil e os impactos da exposição aos agrotóxicos na população brasileira. O consumo consciente e as alternativas para o consumidor também foram pontos de pauta.

Na manhã do segundo dia (8/11), o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (VPAAPS/Fiocruz), Valcler Rangel, coordenou a mesaRegulação e monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos. Rangel ressaltou que o evento consolida a parceria da Fiocruz com o Inca, que participou de seminário sobre o mesmo tema em maio na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). "Esta sequência de iniciativas potencializam a geração de conhecimento e capilarizam conclusões, contribuindo para dar mais impacto sobre as políticas", disse.

Rangel afirmou que a população espera uma atuação coordenada e potencializada pelas diversas áreas de conhecimento e lembrou que a Fiocruz está engajada na campanha de enfrentamento aos agrotóxicos.

Os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Trabalho, apesar de convidados, não enviaram representantes, o que frustrou a plateia, formada em grande parte por produtores rurais e membros de organizações da sociedade civil que promovem a agroecologia e a agricultura familiar. Profissionais de saúde do Inca, da Fiocruz e do Ministério Público Federal e Estadual também prestigiaram o evento.

Pimentão tóxico

Heloisa Rey Farza, da Gerência Geral de Toxicologia da Anvisa, abordou o Programa de Análise de Agrotóxicos em Alimentos da Anvisa (Para), que avalia amostras de produtos no mercado. O pimentão é o caso mais grave: 91,8% das amostras apresentam quantidade de agrotóxicos maior do que o permitido ou produtos proibidos para o pimentão. Segudo ela, o morango e o tomate variam de qualidade - quando a Anvisa divulga que está ruim, tende a melhorar, e depois volta a piorar. “As coisas não estão mudando muito. Saiu da boca do povo, o veneno volta”, lamentou.

Heloisa contou que quando o problema é muito grave, a Anvisa informa o Ministério da Agricultura e a Polícia Federal para que tomem providências. Supermercados são multados e tenta-se rastrear o produtor, para a implementação de coletas e análises fiscais. Também são publicadas novas normas técnicas e desenvolvidos programas locais de informação e formação, que, para Heloisa, são os principais fatores para mudanças. Ela recomenda a criação de foruns. “A sociedade precisa se mobilizar para chegar até o produtor. Ele não tem informação sobre agrotóxicos, pelo contrário, tem informação errônea, dada pelas indústrias que vendem os produtos”, disse.

Questionada pelo público sobre a razão de a Anvisa não evitar tamanha contaminação dos alimentos, ela explicou que o Ibama, o Mapa e a Anvisa são responsáveis pelos agrotóxicos. “A Anvisa cuida da saúde da população. O controle do uso do agrotóxicos é dever do Mapa”, esclareceu, acrescentando que o Ministério do Trabalho também deveria se preocupar com a saúde do trabalhador rural. “Cobrem do Mapa e do Ministério do Trabalho, e de nós o que nós temos que fazer”, finalizou.

A importância da educação no desafio da transição para a produção agroecológica foi destacada por Christianne Belinzoni, da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do desenvolvimento Agrário (MDA). Para ela, o desenvolvimento rural sustentável deve usar a tecnologia para melhorar a produção e a qualidade de vida.

“Precisamos formar mais técnicos para apoiar o produtor no campo. Ninguém quer produzir na base do veneno. Temos que brigar para que no currículo dos agronomos haja a disciplina agroecologia, em vez de obrigá-los a decorar princípio ativo de veneno”, disse. Ela também ressaltou a necessidade de se informar os consumidores. “O consumidor deve ser empoderado. A sociedade civil tem uma força muito grande”, opinou.

Representando o Departamento de Qualidade Ambiental da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Sergia de Souza Oliveira abordou os principais impactos dos agrotóxicos no meio ambiente. “Os agrotóxicos são persistentes no meio ambiente, acumulando-se em rios e mares, contaminando peixes e outras formas de vida e provocando efeitos adversos na saúde humana”, informou.

Entre os principais problemas a serem contidos ela citou o uso indevido de produtos químicos, a alta toxidade, a falha na proteção do trabalhador e a exposição direta e indireta do meio ambiente e da população. Ela admitiu ser necessário aperfeiçoar os mecanismos de controle e que há uma deficiência da informação. Segundo Sergia, qualquer um dos três setores - Saúde, Agricultura e Ambiente - pode vetar um produto.

“Nossa legislação é moderna, rigorosa e sintonizada com outros países. A política de agroecologia recém-sancionada é um grande avanço. Grandes e pequenos produtores usam agrotóxicos, mas podem utilizar a agroecologia. O questionamento sobre o modelo de produção agrícola deve ser feito permanentemente, de forma racional e madura”, disse.

Ela reconhece, entretanto, que não é simples mudar da produção convencional para a limpa e que a proibição gera um mercado ilegal paralelo difícil de ser enfrentado. “O enfrentamento do agrotóxico deve ser um trabalho multisetorial e multiparticipativo”, concluiu.

O diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (SVS/MS), Guilherme Franco Netto, apresentou dados que mostram que em cinco anos, de 2005 a 2010, o volume de agrotóxico mais que dobrou. De 8.500 áreas descritas como contaminadas, 30% são contaminadas com agrotóxicos. “A intoxicação por agrotóxicos é a segunda maior causa de intoxicações exógenas. A maioria delas - 53% - é causada por inceticidas”, revelou.

Ele adiantou que ainda este ano será lançada uma portaria que deslanchará o processo de implamentação de vigilância epidemiológica no SUS, incluindo ações de proteção e promoção da saúde, a investigação dos casos e surtos e a estruturação de um sistema para responder às emergências em saúde. Nove estados com maiores demandas serão priorizados (PR, SP, MG, MT, GO, RS, SC, BA, e MS) e receberão um milhão de reais por ano, durante três anos. A partir de 2013, os outros estados começarão a receber verbas de R$ 800 mil ou R$ 900 mil e até o fim de 2014 a portaria deverá estar implantada nas 27 Ufs. Em 2015, será feita a avaliação.

Vários participantes do seminário, preocupados com a continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido na Anvisa de proteção da saúde da população brasileira e de luta contra o uso abusivo de agrotóxicos, manifestaram solidariedade ao profissional Luis Cláudio Meirelles, coordenador da Gerência Geral de Toxicologia da Anvisa (GGTox), diante da recente notícia de sua exoneração do cargo.

Brasileiro ingere 5 kg de agrotóxicos por ano, diz presidente da Asbraer

Agência Senado

Agrônomos estão sendo contratados por empresas do ramo de agrotóxicos e fertilizantes com salários atrelados à metas de venda desses produtos a agricultores. O alerta foi dado em debate realizado ontem (08/11/12) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) pelo senador Waldemir Moka.

Ele se mostrou preocupado com o desvirtuamento da profissão, cujo papel é o de orientar os produtores rurais sobre as melhores técnicas de plantio, inclusive do ponto de vista ambiental e da saúde humana e animal.

"Se temos jovens agrônomos que recomendam agrotóxicos a mais, com o objetivo de ter salário maior, é muito grave, pois deveriam estar orientando para o uso mínimo. Me soou como um alarme. Vou apresentar proposta de legislação severa contra esse tipo de comportamento" frisou o senador.

Tanto Helinton Rocha, assessor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como o presidente da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), Júlio Zoe de Brito, confirmaram a prática, especialmente entre agrônomos contratados por grandes empresas que vendem agrotóxicos e outros insumos agrícolas.

Conforme o presidente da Asbraer, o Brasil está entre os maiores consumidores per capta de agrotóxicos do mundo. "Cada um de nós consumimos 5,2 quilos de agrotóxicos por ano, o que representa nove bilhões de dólares", observou.

Governo estuda criar agência de orientação técnica ao agricultor

Dois de cada três agricultores familiares brasileiros realizam suas atividades agropecuárias sem qualquer orientação técnica e, mesmo onde o serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) chega, o atendimento é falho e deficitário. Essas fragilidades na disseminação do conhecimento ao campo foram apontadas em debate realizado ontem na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal.

Para reestruturar no país um sistema de extensão rural capaz de suprir as necessidades de orientação aos agricultores, o governo discute a criação de uma agência voltada a esse serviço, conforme informou o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. "Os debates estão avançados. É fundamental que a extensão rural volte a ter no Brasil o papel fundamental que já teve", frisou ele.

O país já contou com um sistema de abrangência nacional, desmantelado com a extinção, nos anos 90, da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), então responsável pela coordenação do serviço. Desde então, o atendimento aos agricultores varia de estado para estado e mesmo entre os municípios. Governos estaduais oferecem os serviços conforme suas prioridades e disponibilidades orçamentárias, resultando em grande variação quanto à qualidade e cobertura dos serviços.

Algumas prefeituras disponibilizam equipes de atendimento aos produtores, mas geralmente em pequeno número e com limitada capacidade de atuação. Em algumas regiões, os agricultores também contam com organizações não governamentais que atuam ofertando orientação técnica.

Autor do requerimento para realização do debate, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) defendeu a alocação de recursos de emendas ao Orçamento da União para reestruturar os serviços de extensão rural, de forma a assegurar que o conhecimento gerado pela pesquisa chegue aos produtores rurais.

A importância desse conhecimento foi destacada por Valter Bianchini, secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Conforme informou, a produtividade de um agricultor que recebe assistência técnica é de três a cinco vezes maior que a produtividade daquele que não é assistido.

Entre os desafios da nova agência, ele citou a necessidade de renovação dos quadros das empresas de extensão rural (cerca de 15 mil extensionistas), uma vez que boa parte deles tem mais de 50 anos de idade.

No mesmo sentido, Júlio Zoe de Brito, presidente da Asbraer, alertou para a limitação da abrangência dos serviços existentes no país. "Cerca de 2,6 milhões de agricultores nunca viram um extensionista. Precisamos ter um projeto para fazer chegar extensão rural a todos", disse.

Ao comentar as discussões em torno da nova agência, Helinton Rocha, assessor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disse que a nova estrutura deverá ser capaz de fazer frente aos desafios atuais da agropecuária e atuar em sintonia com as demandas do setor.

"Não se trata de recriar a Embrater, porque a realidade hoje é completamente diferente", disse, ao defender a adoção de instrumentos de informação e comunicação capazes de reduzir o tempo para que o conhecimento seja levado ao agricultor.

Na avaliação do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Mauricio Lopes, a agência de extensão rural, em integração com a pesquisa, terá pela frente o desafio de promover a produção de alimentos cada vez mais nutritivos e funcionais, a partir de processos poupadores de energia e água, além de pouco poluentes.

"Há uma pressão muito forte para a descarbonização das economias. A agricultura precisará dar sua contribuição, pois ainda é carbonizada e contribui para emissão de gases de efeito estufa. Temos que desenvolver novas práticas para que nossa agricultura não seja penalizada nos mercados internacionais" disse Lopes.

Também participaram do debate os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Tomás Correia (PMDB-RO).

FONTE

Iara Guimarães Altafin - Jornalista

Cultivo consorciado de abacaxi e neem tem bons resultados em Minas Gerais

Do G1 Triângulo Mineiro

Em São Gonçalo do Abaeté, região Noroeste de Minas Gerais, um agricultor investiu no cultivo do abacaxi, consorciado com o neem, uma planta indiana. A ideia já rendeu frutos e o produtor comemora os bons resultados.

Segundo o agricultor, Ailton Oliveira, a produção superou as expectativas. O abacaxi está muito doce e bem maior. Ele afirmou que dos 100 mil pés, 70% têm tamanho grande e o restante médio e pequeno. Na propriedade ele ainda cultiva o neem, uma planta da família do mogno e do cedro. De origem indiana, serve como matéria-prima na produção de adubos e controle de pragas e também é utilizada pela indústria de cosméticos.

O agricultor conta que quando começou o plantio, em junho do ano passado, ao ver o tipo de terra da região quase desistiu. “Pela primeira vez que eu cheguei e vi a terra pensei: 'isso aqui não vai virar nada'. Apesar do neem gostar de terra arenosa e profunda, aqui [a terra] não tem nada a ver com o neem”, lembrou.

Mas Ailton foi surpreendido e a árvore se adaptou bem à região. Então ele resolveu investir no plantio consorciado. "Na primeira produção do neem, nós incorporamos ele na terra. Isso ajudou bastante na produção do abacaxi afastando os nematóides, a broca e evitando as moscas que podem causar danos aos frutos", explicou.

O resultado foi tão positivo que ele já pensa em ampliar a área de plantio. “Vou aumentar quatro vezes mais, passar de oito para quase 40 hectares. Para muitas pessoas descascar o abacaxi é um pepino, mas para mim é um bom negócio”, afirmou.

# Assista a reportagem: http://globotv.globo.com/tv-integracao-triangulo-mineiro/mg-rural-tv-integracao/v/produtor-de-sao-goncado-do-abaete-mg-investe-no-abacaxi-consorciado-com-planta-indiana/2211282/


Entrevista de Romina Lindemann, diretora da Preserva Mundi, no Terraviva

No quadro Conversa Franca do Programa Dia-a-Dia, do Canal Terraviva, a diretora executiva da Preserva Mundi, Romina Lindemann, fala sobre a versatilidade do Neem, e como ele auxilia no controle de doenças e parasitas que atacam o rebanho leiteiro. Confira:

Na Paraíba, agricultora morre vítima de agrotóxicos

Após trabalhar nos plantios de tomate no interior paraibano, mantendo contato direto e intensivo com agrotóxicos, a jovem agricultora Rosália Barbosa de Souza, de 23 anos, grávida e mãe de mais dois filhos, foi vítima de Aplasia Medular.

A reportagem é de Patrícia Ribeiro e publicado pelo portal da Articulação do Semi-árido – ASA, 17-10-2012.

A agricultora Rosália Barbosa de Souza, de 23 anos, morreu no último dia 18 de julho, vítima da doença Aplasia Medular, adquirida após trabalhar por anos no cultivo de tomate em lavouras na região de Cubati, no estado da Paraíba. Grávida, ela manteve contato direto com agrotóxicos e foi vítima de Aplasia Medular, uma doença autoimune que resulta numa anemia profunda comprometendo todos os tipos de células do sangue. O bebê foi salvo por médicos que a acompanhavam no Instituto Materno Infantil (IMIP), no Recife (PE), após indução de parto prematuro.

O pai da agricultora, o senhor Damião Barbosa de Souza, conta que ela apresentou manchas na pele e sangramento na gengiva quando estava grávida do seu terceiro filho. “Ela trabalhou na plantação de tomate e ainda chegou a apanhar tomate. O marido dela também trabalha. Era ela que lavava a roupa dele quando ele chegava. Tudo isso é contato, né? Quando ela ia lavar roupa, chegava a sair aquela água diferente do veneno. Devido ela estar amamentando também, e depois ter engravidado, a imunidade estava baixa, aí ficou mais fácil pra doença”, relatou.

Após seis meses de gravidez, com o estado de saúde agravado, Rosália foi transferida para o IMIP, onde ficou internada e foi submetida a exames. No laudo médico consta como causa da morte Hemorragia pulmonar e aplasia de medula óssea.

“O momento da gravidez é um momento delicado quando o corpo da mulher engendra um enorme esforço para gerar e nutrir um novo ser. A medula óssea é demandada a produzir mais sangue, tanto que é muito comum que as mulheres apresentem anemia leve neste momento. Passa a ser um momento então que a medula estaria mais vulnerável a agressões externas o que poderia ter contribuído para a doença. Por outro lado, os agrotóxicos podem gerar más-formações e até morte do feto”, contou a professora do curso de medicina da Universidade Federal de Campina Grande em Cajazeiras (UFCG/PB), Ana Carolina de Souza Peiretti.

Ainda segundo a docente, a doença faz com que as defesas do corpo passem a atacar as células da medula óssea onde o sangue é produzido. Além do uso de agrotóxicos, medicamentos, radiação, vírus, drogas e agentes químicos também podem causar a toxidade medular.

O companheiro de Rosália, o agricultor Marizaldo Pereira Alves, conta que apesar do nascimento prematuro e das adversidades da gestação, a criança está bem e não apresenta nenhuma complicação.

Iniciativas de enfrentamento

Desde abril de 2011, quando foi lançada a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, movimentos sociais, grupos ambientais e demais organizações tem desenvolvido inúmeras ações de conscientização, enfrentamento e denúncia contra 07 empresas multinacionais, que controlam mais de 70% do mercado de agrotóxicos no Brasil (Monsanto, Syngenta, Bayer, Novartis, Dupont, Basf e Dow), as quais estão diretamente ligadas ao grupo da bancada ruralista no senado.

Embora as ações se depararem com a omissão, negligência e mesmo a conivência do Estado, os movimentos sociais ainda enfrentam o silêncio das grandes mídias sobre questões relacionadas ao problema do uso intensivo e indiscriminado dos defensivos químicos.

O Brasil atualmente é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. Por ano, cada brasileiro consome cerca de 5 litros de agrotóxicos. Em consequência desse consumo absurdo de veneno, milhões de pessoas adquirem câncer e morrem anualmente, sem nenhum tipo de repercussão no noticiário da grande mídia.

Além disso, na maioria dos casos de morte em consequência dessas doenças, mesmo com a comprovação de exames clínicos, profissionais de saúde se negam a atestar nos laudos médicos a causa da morte como consequência do uso de agrotóxicos.

Recentemente a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO) lançou o dossiê “Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde”, o qual confirma através de evidências científicas diversas doenças resultantes da exposição, contato, uso e consumo de componentes químicos encontrados em diversos grupos de agrotóxicos consumidos no país.

Avanço do agronegócio na região semiárida da Paraíba

A comunidade rural Prainha, do município de Cubati, localizado a 66,5 km de João Pessoa (PB), ainda é caracterizada pela resistência da agricultura familiar. Pequenas propriedades rurais tentam sobreviver em meio à falta de incentivos dos poderes públicos, o que na maioria das vezes força os agricultores e agricultoras a se submeterem as pressões do agronegócio.

Trabalho informal, baixa remuneração e falta de segurança são algumas das dificuldades enfrentadas. Os agricultores e agricultoras trabalham semanalmente, ou de acordo com o período da produção nas plantações de tomate e na mineração. Embora sejam proprietários de terra, ainda assim, são obrigados (pela necessidade financeira) a arrendar suas propriedades para a monocultura à base de agrotóxicos.

Para além do caso de Rosália Barbosa de Souza, que veio a óbito por ter mantido contato permanente com os agrotóxicos enquanto trabalhava na produção de tomate, o descaso do poder público sobre as questões dos direitos trabalhistas vem ocorrendo com frequência em todo o estado. É recorrente os casos de irregularidades jurídicas, exploração, trabalho infantil, acidentes, falta de equipamento de proteção e negligência dos direitos trabalhistas.

Nos casos de arrendamentos de terras, além dos riscos à saúde da terra e das pessoas que permanecem residindo próximas aos plantios, a contratação é feita sem nenhuma segurança, não existe nenhum tipo de documentação ou registro do contrato. Do plantio à colheita, a família fica impedida de, até mesmo, entrar na área cultivada. Ao fim da colheita, após quatro meses, o proprietário da terra recebe a quantia de R$ 1.000,00 (um mil reais) por cada hectare arrendado.

O período de colheita dos tomates envolve toda a comunidade no trabalho. Homens, mulheres, adultos, jovens e crianças são levadas às plantações e recebem, ao fim do dia, cerca de R$ 25,00 pela diária de trabalho.

A mãe da jovem Rosália Barbosa, dona Maria de Sueli Lima Souza, comenta revoltada que mesmo após a morte de Rosália, um de seus filhos continua insistentemente trabalhando nas plantações de tomate. “Eu estou com um menino com o mesmo problema, trabalhando dentro da tomate. Eu já pedi, o pai já pediu pra ele sair, porque eles trabalham sem proteção nenhuma, mas ele não quer atender a gente. Diz que é o ganho que tem, que não pode sair”, revelou.

De acordo com a professora de medicina da UFCG em Cajazeiras/PB, Ana Carolina de Souza Pieretti, aparentemente, este não tem sido um tema de preocupação do Conselho Federal de Medicina. “O órgão que mais tem tomado à frente nestas discussões tem sido a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas ainda apresenta dificuldade em refrear o uso de agrotóxicos pelo grande poder econômico, tanto das empresas produtoras quando do agronegócio”, disse. Na opinião da docente deve haver mais estudos e uma regulamentação mais forte, além da discussão na sociedade de que modelo de produção agrícola é bom para a saúde das pessoas.

Movimentos e organizações sociais ligadas à agricultura familiar camponesa lutam contra o avanço do modelo de desenvolvimento do agronegócio na região semiárida do país. No entanto, a luta ainda é bastante desigual, e se torna inviável garantir o enfrentamento apenas com ações de acompanhamento e assistência técnica às famílias agricultoras. É o que aponta a representante da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), Maria da Glória Batista. “Temos trabalhado com a disseminação de iniciativas, dos cultivos, da criação de animais integrada e valorizando a biodiversidade local no desenvolvimento do semiárido com base na agroecologia, a exemplo do resgate das sementes nativas, dos animais nativos e adaptados, da recuperação, conservação e manejo da biodiversidade local”.

Dessa forma, as manifestações populares tem se tornado um instrumento de enfrentamento com capacidade de chamar a atenção dos poderes públicos e da sociedade, sobre os principais problemas enfrentados no campo. Nesse sentido, as organizações e movimentos sociais cumprem com o papel significativo no processo de articulação e conscientização política. Maria da Glória, acrescenta, ainda, que do ponto de vista político, vem sendo feito um trabalho junto às organizações, com a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, e demais campanhas contra qualquer iniciativa voltada para o agronegócio. “Um desafio que surge para todas as organizações desse campo, não só para a ASA, é articular, buscar diálogos e convergências junto às organizações para o enfrentamento ao agronegócio de forma coletiva”, concluiu.

publicado pela IHU On-line, 19/10/2012
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Feira da Agricultura Limpa e Produtos Orgânicos será inaugurada no Parque Ibirapuera

Alimentos agroecológicos, saudáveis e frescos, comercializados a um preço justo, aproximarão produtores e consumidores na 3ª feira deste tipo na cidade.


A Secretaria de Coordenação de Subprefeituras, através da Supervisão Geral de Abastecimento (Abast), em parceria com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente inaugura a Feira da Agricultura Limpa e Produtos Orgânicos no Parque Ibirapuera, a partir do dia 20 de outubro, sábado, das 7 às 13h.

A feira terá barracas representando aproximadamente 200 produtores, com os mais variados tipos de verduras e frutas, frango, cogumelos, grãos, sucos, caldo de cana, pães, bolos, geleias, açaí, sorvetes, castanhas e outras iguarias. O visitante poderá ainda desfrutar de um café da manhã sob as árvores e mudas do Viveiro Manequinho Lopes – com produtos totalmente orgânicos.

Além da diversidade de produtos de qualidade a preços justos, a feira aproximará produtores e consumidores, e será também um espaço para troca de informações sobre cultura, saúde e lazer.

A ação é apoiada por diversas instituições da sociedade civil que trabalham no fomento à agroecologia, agricultura orgânica, biodinâmica e natural, consumo responsável, Economia Solidária e no apoio à Agricultura Familiar, entre elas a AAO - Associação da Agricultura Orgânica, ABD - Associação Biodinâmica, ANC - Associação da Agricultura Natural de Campinas, MOA International do Brasil (Mokiti Okada Association), Movimento Slow Food, o Instituto Kairós – Ética e Atuação Responsável e a COOPERAPAS - Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa de São Paulo.

Todos os alimentos comercializados são produzidos sem a utilização de agrotóxicos e adubos químicos (Programa Agricultura Limpa), e ainda ajudam a preservar os mananciais das Represas Billings e Guarapiranga, responsáveis pela produção de 30% do abastecimento de água da cidade. No município de São Paulo, todos os agricultores envolvidos na ação recebem a assistência técnica da Prefeitura e têm o selo “Guarapiranga Sustentável”, que garante boas práticas agrícolas. Além disso, os produtores contribuem para a preservação da natureza e manutenção do caráter rural das Áreas de Proteção Ambiental Bororé-Colônia e Capivari-Monos.

Feiras da Agricultura Limpa

A Feira do Parque Ibirapuera será a terceira da cidade com produtos isentos de defensivos químicos, sob o controle da Supervisão Geral de Abastecimento. A 1ª delas foi inaugurada em outubro de 2011, e ocorre todos os sábados no Parque Burle Marx, na Zona Sul, com produtos provenientes da região de Parelheiros. A 2ª, inaugurada também no ano passado, acontece aos sábados, em São Mateus, na Rua Maria do Val Penteado.

Programa Agricultura Limpa

O Programa Agricultura Limpa foi criado em 2010 para incentivar a produção agrícola no município de São Paulo e orientar a conversão da agricultura convencional em agricultura orgânica, sem utilização de agrotóxicos ou produtos químicos. Ainda no mês de setembro do mesmo ano, foi criado através de decreto municipal, o Protocolo de Boas Práticas Agrícolas, documento construído em parceria com o Governo do Estado, que dispõe de regras para produção sem geração de danos ao meio ambiente.

Aderindo ao protocolo, os produtores recebem apoio da Prefeitura para converter sua produção e o direito de utilização do Selo de Indicação de Procedência Guarapiranga – a Garça Vermelha – que identifica os produtos procedentes da agricultura paulistana, cultivados segundo as boas práticas agroambientais.

Atualmente a Supervisão de Abastecimento possui um cadastro com mais de 400 produtores agrícolas na cidade. Na Zona Sul, 37 propriedades agrícolas já aderiram ao protocolo de Boas Práticas Agrícolas. Muitos deles já se preparam para obter a certificação de produtores orgânicos, emitida pelo Ministério da Agricultura.

Casas Da Agricultura
Para realizar o trabalho de assistência aos produtores existem as Casas de Agricultura Ecológica – CAE. Instaladas próximo às áreas produtivas da cidade, possuem técnicos especializados para orientar os agricultores sobre práticas e técnicas de cultivo, desenvolvimento dos sistemas agrícolas e comercialização da produção.

Além da prestação de serviço nas unidades das Zonas Sul, Leste e Norte, os profissionais das Casas de Agricultura realizam também visitas individuais nas propriedades, para identificação de pragas e doenças, análise do solo, identificação de problemas nutricionais e correção da adubação e recuperação da mata ciliar.

A CAE Leste está localizada na Av. Imperador, 1900, Tel.: 2280-9200. Os produtores da Zona Norte podem obter os serviços na CAE Norte, na R. da Cantareira, 306 – Torre A – Tel.: 3313-3365, Para os agricultores da Zona Sul, o serviço está disponível na CAE Sul, à Av. Sadamu Inoue, 5252, Tel. 5921-8089


SERVIÇO
FEIRA DA AGRICULTURA LIMPA NO PARQUE IBIRAPUERA
Data: Sábados (a partir de 20/10/12)
Horário: 7h às 13h
Local: Parque Ibirapuera – Viveiro Manequinho Lopes - Portão 7 - Av. República do Líbano, s/n (necessário o uso de zona azul) e 7A - Av. IV Centenário, 1268 (entrada apenas para pedestres)

Workshop - Desafios da Agricultura Orgânica em São Paulo

A SNA – Sociedade Nacional de Agricultura, por meio de seu projeto “Centro de Inteligência em Orgânicos” apoiado pelo Sebrae, e o IEA – Instituto de Economia Agrícola realizam o "Workshop Desafios da Agricultura Orgânica em São Paulo: o que dificulta o seu crescimento?"

O evento será realizado no IEA no dia 25 de outubro de 2012, das 7:30h às 17:00h e irá identificar problemas e propor soluções para orientar ações relacionadas ao desenvolvimento da agricultura orgânica paulista.

O Workshop contará com a apresentação de convidados que abordarão as transformações ocorridas no setor na última década, além da realização de trabalho em grupos, para obter a visão de diferentes segmentos da cadeia de produção orgânica sobre os fatores que dificultam sua expansão no estado.

Mais informações pelos emails:
workshoporganico@iea.sp.gov.br e worshoporganico@gmail.com. 

A inscrição prévia é imprescindível.

DESAFIOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA EM SÃO PAULO:
o que dificulta o seu crescimento?

PROGRAMAÇÃO

 7:30 – Café de boas vindas / recepção dos participantes
 8:30 - Abertura
 8:50 - Apresentação da dinâmica de trabalho
 9:00 - Sistemas-rede/evolução recente: Profa. Maria Sylvia Saes (FEA/USP)
 9:20 - Apresentação de convidados
    Paulo D’Andrea (Microgeo)
    Romeu de Mattos Leite (Fazenda Yamagushi)
    Reginaldo Morikawa (Korin)
    José Roberto Graziano (Secretaria Municipal de Abastecimento)
    Nardi Davidsohn (Quintal dos Orgânicos)
    Ana Flávia Borges Badue (Instituto Kayrós)
    Renato Conceição (MAPA)
    Daniel Schuppli (IMO)
    Luiz Norder (UFSCar)
    Yara Chagas Carvalho (IEA)
11:50 - Intervalo para Almoço
12:50 - Discussão em grupo
15:00 - Plenária – Resultado dos grupos
16:00 - Coffee break
17:00 - Encerramento

Óleo de Nim resolve: veja casos

por Globo Rural Online

Pé de porco problemático

Há algum inseticida natural para impedir o ataque de bicho-de-pé em porcos?
Wilson Genaro, por e-mail


O controle da pulga do bicho-de-pé pode ser obtido com uso de água com sal grosso. Faça uma mistura na proporção de 300 gramas de sal para cada litro de água. Aplique quatro litros da solução por metro quadrado de solo. Mesmo sendo o sal um produto químico (cloreto de sódio), ele não deixa resíduos nas carcaças.

Para combater a pulga é preciso aplicar a solução de sal onde estão as larvas, que se desenvolvem em lugares empoeirados e sombreados. Alimentam-se de restos de fezes das pulgas adultas e de pele dos porcos, que são os hospedeiros. Para prevenir o ataque, examine cuidadosamente os animais que entram na propriedade, principalmente os cães e os porcos. Uma pessoa contaminada também pode disseminar a praga. Remova as pulgas e trate com água e sal. Óleo de nim é utilizado para eliminar o inseto adulto.


Praga na couve

Quero saber como combater a lagarta da couve de maneira ecológica, sem defensivos agrícolas.
Leandro Pinto Soares, Montenegro, RS


Se a infestação for baixa, pode ser feita a catação manual das lagartas ou das folhas onde estejam. As pragas devem então ser esmagadas ou eliminadas de algum outro modo. Caso isso não seja possível, há a possibilidade de pulverizar as plantas com produtos agroecológicos. O IAC – Instituto Agronômico de Campinas, possui várias receitas, como a mistura de fumo e sabão; a solução de sabão de coco neutro; e o preparado com cravodefunto, que é feito com um quilo de suas folhas misturado em dez litros de água. Leve ao fogo e deixe ferver durante meia hora, ou mantenha de molho por dois dias. Coe e pulverize o preparado frio sobre as plantas. Em lojas agropecuárias especializadas, também podem ser adquiridos o óleo de nim emulsionado ou o Bacillus thuringiensis.

Preserva Mundi lança novo portal

 PRESERVA MUNDI prioriza sua comunicação com a sociedade. Novo website centraliza ferramentas de mídias sociais e conteúdo renovado


A fazenda PRESERVA MUNDI, conhecida também como a "Fazenda do Neem", localizada na pequena cidade de São João de Pirabas, a 230 km de Belém (PA), vem intensificando sua comunicação com a sociedade.

Desde 2011, conta com uma assessoria de comunicação e está presente nas redes sociais por meio de seu Twitter (@preservamundi), Facebook e YouTube. Mais recentemente, lançou este blog sobre os diversos usos dos produtos derivados do nim e os temas relacionados à sustentabilidade em geral. E agora, reunindo as ferramentas atuais da comunicação, a PRESERVA MUNDI coloca no ar seu novo website (www.preservamundi.com.br), que centraliza o conteúdo disponível, apresentando-o de forma amigável, moderna, dinâmica e sempre atualizado com novas informações.

O site que você passa a utilizar nesta nova fase espelha melhor o crescimento da cadeia produtiva do neem e do noni. Atualmente, a PRESERVA MUNDI possui 160 mil árvores de Neem e 10 mil árvores de Noni e dentro de um modelo de negócios vertical, a empresa também industrializa os produtos derivados da planta.

Na Índia, as propriedades do Nim são utilizadas na medicina, cosmética, jardinagem, agricultura, pecuária entre outras áreas, há mais de quatro mil anos.

O atual aumento das exigências na agricultura e pecuária por processos e produtos amigáveis ao meio ambiente, por exemplo, impulsiona o mercado de soluções de controle biológico de pragas e fertilização orgânica.

Neste cenário, produtos derivados da árvore de origem indiana Nim – nome científico “neem – Azadirachtina indica” - ganham destaque como eficientes, seguras e econômicas alternativas ao uso de defensivos e adubos químicos nas lavouras e criações.

Soma-se às vantagens econômicas e ambientais do Nim, o fato da produção da PRESERVA MUNDI ser feita em parceria com comunidades ribeirinhas locais, colaborando para geração de emprego e renda na região.

Hoje, a fazenda investe também na preservação de espécies como o Pirarucu, conhecido como bacalhau da Amazônia. Nosso objetivo é contribuir com matrizes de reprodução de alevinos e com isso, preservar a espécie que tem a pesca controlada desde 1992.

Estamos abertos para receber nossos amigos, parceiros, universidades, e todos que se interessam por um mundo melhor.

A PRESERVA MUNDI é hoje um aprendizado e também um desafio, na busca de proporcionar a reaproximação do homem com a natureza.

Preço limita a expansão do mercado de orgânicos


Por Kátia Simões e Marília de Camargo Cesar | Do Valor

O preço ainda é o grande limitador da expansão do consumo de produtos orgânicos no Brasil, segundo os especialistas no assunto. Nem todos se dispõem a pagar R$ 4 por um pé de rúcula que é vendido a R$ 1,50 na maioria dos supermercados e feiras. Mas os três sócios que se uniram para montar o Mercado Apanã parecem ter encontrado a fórmula para equacionar esse problema. Nas prateleiras do novo mercadinho, que também é restaurante e café, situado na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, um acordo com os fornecedores de hortaliças, fundamentado no conceito de comércio justo, permite que vendam verduras cultivadas sem pesticidas a R$ 1,50 o pé.

"Nosso posicionamento é o de ser o mercado de orgânicos mais barato de São Paulo", resume o economista Thomas Brieu, que junto com o também economista Daniel Pascalicchio e o administrador Miguel Carvalho investiu R$ 600 mil, em recursos próprios, no empreendimento. O negócio já nasceu com meta de se tornar um modelo diferenciado de franquia e de conquistar clientes corporativos - entregando para restaurantes, escolas, hotéis e academias. "Nosso objetivo no primeiro ano é ter pelo menos quatro clientes em cada um desses grupos", afirma Pascalicchio. Segundo ele, o retorno do capital investido deve vir a partir de maio de 2013.

A necessidade de administrar 90 fornecedores, quase todos pequenos produtores artesanais ou agricultores do cinturão verde de São Paulo, demanda habilidades gerenciais. "Precisamos discutir como preparar novos fornecedores, porque podemos enfrentar no curto prazo um apagão de mão de obra na produção de orgânicos", acredita Pascalicchio.

Os números de crescimento e potencial de expansão comprovam essa tese. O mercado mundial de produtos orgânicos já movimenta anualmente mais de US$ 60 bilhões e cresce em média de 30% ao ano. No Brasil, segundo a Apex-Brasil, os negócios ligados à alimentação orgânica devem crescer 46% até 2014, capitaneados pelas bebidas, que registram aumento anual médio de 38%.

O principal desafio de quem está entrando no segmento, segundo Pascalicchio, é a logística dos produtos. No caso de hortaliças, o vaivém das mercadorias pode representar até 40% do custo. "Temos apostado em novos produtores da região de Guararema e Itatiba, ajudando-os a desenvolver a produção. Hoje, somos abastecidos por quatro famílias de Ibiúna, mas há necessidade de formar novos fornecedores", afirma o economista.

Mas o Apanã não é só verduras e legumes. Alimentos funcionais, grãos, farinhas integrais e dermocosméticos são a aposta para chamar clientes. Há vinhos orgânicos e leites importados, como o de arroz, cuja versão francesa é mais barata que a brasileira. "Nossa proposta é ser um 'atacavarejo', e logo teremos tudo vendido pela internet, com sites diferentes para alimentos, bebidas e cosméticos", informa Brieu.

Do outro lado da cidade, na zona sul, a Ponto Verde já tem quase três décadas de experiência nesse ramo. A empresa tem ligação com a Fazenda Demétrio, em Botucatu, uma das pioneiras no cultivo de orgânicos. Para facilitar a vida da clientela, a loja monta três tipos de caixas com verduras e legumes. Os produtos são entregues às terças-feiras, para garantir a qualidade, já que são colhidos no dia anterior. Cinco fornecedores garantem o abastecimento de 120 entregas em domicílio por semana, 15% a mais do que há dois anos.

"Da década de 80 para cá, a cidade mudou muito, diminuiu a presença do consumidor no ponto de venda e, em contrapartida, aumentou a demanda por serviços de delivery", afirma Fernanda Dantas, gerente da Ponto Verde. "Temos clientes assíduos, que fazem compras semanais e não sabem qual o endereço da loja."

É de olho nesse público que a arquiteta Juliana Pelegrinio Lemos Trigo colocou no ar em 2009 a loja virtual Organic Delivery. A ideia exigiu investimento de R$ 50 mil. Os pedidos são encaminhados diretamente aos produtores e entregues na casa dos clientes duas vezes por semana.

Organics Brasil aposta no mercado americano de orgânicos

 Parceria entre a Apex-Brasil e o IPD promoverá participação brasileira na maior feira do setor na costa leste dos Estados Unidos

A maior feira de orgânicos do leste americano, a All Things Organics -  Biofach America, que será realizada em Baltimore entre os dias 20 e 22 de setembro, vai reunir mais de 20 mil compradores dos mercados das três Américas, Ásia e Europa. O Projeto Organics Brasil vai participar do evento, pelo sétimo ano consecutivo, com perspectivas de aumentar a exportação do grupo de 74 empresas que participam do Projeto.

Nos Estados Unidos, o segmento de orgânicos fechou 2011 com movimento de US$ 31,5 bilhões. O crescimento do mercado americano se consolida, pois existe um forte apelo na demanda de vida saudável.

“O mercado interno cresce de forma consistente e positivamente nos ultimos 10 anos, resultado de um programa nacional de estimulo ao segmento.  Hoje, cerca de 63% da população compra produtos orgânicos de forma constante e este número não cresce mais por falta de disponibilizacao dos produtos nas redes de varejo menores.   Na área  de alimentos é o segmento que tem a maior taxa de crescimento,  criando empregos em ritmo de até quatro vezes maior do que a média nacional, apesar de representar pouco menos de 2% do mercado.  Participar deste mercado é conhecer, aprender e abrir oportunidades aos produtos brasileiros”, explica Ming Liu, coordenador executivo do Projeto Organics Brasil.

No estande do Organics estarão os representantes da Native (maior produtora de açúcar orgânico do mundo), da empresa de cosméticos IKOVE (que utiliza ingredientes da amazônia e cerrado em produtos para cabelo e corpo) e a Chá Mate Tribal.

“Nossa participação, nessa edição da Biofach America, também será institucional. Representaremos o Brasil no debate sobre o mercado mundial de orgânicos, no congresso da feira, onde apresentaremos os dados estatísticos e o potencial do Brasil como fornecedor de matéria-prima, produtos processados e industrializados de qualidade e valor agregado”, informa Ming Liu.

O Brasil tem 4.955.472 hectares de produção orgânica (segundo o Censo Agropecuário de 2006), com mais de 12 mil pequenos produtores, centenas de empresas e um crescente número de estabelecimentos de varejo (supermercados, feiras, lojas especializadas) que movimentam pouco mais de US$ 1 bilhão em produtos orgânicos e naturais, ampliando a consistência da sustentabilidade do setor.

Em exportação, as 74 empresas do Projeto Organics Brasil fecharam US$ 87 milhões em 2011, com perspectiva de gerar US$ 110 milhões até o final de 2012.

Sobre o Projeto Organics Brasil - O Projeto Organics Brasil (www.organicsbrasil.org) é o resultado de uma ação conjunta da iniciativa privada com o IPD (Instituto de Promoção do Desenvolvimento) e da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), compondo uma sólida base institucional criada para fortalecer o setor brasileiro de orgânicos e viabilizar sua expansão no mercado internacional.

Projeto Organics Brasil – www.organicsbrasil.org
Biofach America  -  Baltimore Convention Center – Estados Unidos
20 a 22 de setembro   Stand 2417
Palestra – Mercado Brasileiro de Orgânicos – 21 setembro -10h30

Decreto cria a Política de Agroecologia e Produção Orgânica

Medidas para o desenvolvimento da agricultura sustentável estavam sendo estudadas desde 2010     

Do Mapa

A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo) foi instituída nesta terça-feira (21/8), pelo Ministério da Agricultura, com a publicação do Decreto nº 7.794 no Diário Oficial da União. O objetivo é articular e adequar políticas, programas e ações voltados para o desenvolvimento da agricultura sustentável no país.

As discussões para a elaboração de uma política específica para o desenvolvimento da agricultura orgânica vêm acontecendo desde 2010, com o intuito de possibilitar o uso racional dos recursos políticos aplicados para o setor.

Além de mecanismos de financiamentos e crédito rural, entre outros, o instrumento norteador do Pnapo será o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) que incluirá a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo) e a Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (Ciapo). Compete à Ciapo elaborar, em até 180 dias, proposta do Planapo. Esta Câmara será formada por representantes dos mesmos órgãos governamentais, além do Ministério da Fazenda, e de entidades da sociedade civil.

A Cnapo deverá promover a participação da sociedade na elaboração e no acompanhamento da Pnapo e do Planapo. A comissão é formada por 14 representantes de órgãos e entidades do Governo Federal (ministérios da Agricultura, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Meio Ambiente, Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia e Inovação e Pesca e Aquicultura e da Secretaria-Geral da Presidência da República) e 14 de entidades da sociedade civil.

Agronegócio orgânico brasileiro ganha cada vez mais importância no cenário atual

Por Alexandre Harkaly*, Diretor Executivo do IBD Certificações

Desde 1º de janeiro de 2011 está em vigor à Lei Brasileira para os Orgânicos. Em 2011 a Européia completou 20 anos e a dos EUA, 10 anos. Mas o Brasil inovou nesta área, pois introduziu duas categorias de certificação: por Auditoria feita por auditores externos que visitam produtores e, a Participativa, onde associações ou cooperativas de produtores podem aplicar a certificação. Ambos os sistemas devem ser autorizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A segurança legal nos trouxe agora uma nova fase de organização do agronegócio orgânico brasileiro que começa atrair grandes investimentos e indústrias de alimentação preocupadas com um público de 30% considerado muito exigente, com grande poder de decisão de compra no mercado consumidor tanto interno, quanto externo e que busca uma alimentação saudável. Epidemia de obesidade, novas doenças um país que oferece sol o ano inteiro, mas que faz uso desse contexto para ser um campeão mundial no consumo de agrotóxicos tem um público reflexivo e atento, principalmente ao custo embutido nas contaminações onde se estima que, de cada Real investido em agrotóxico existiria um custo de R$ 1,25 a mais para compensar esta contaminação, e os números mostram o mercado de orgânicos em expansão.

O segmento alimentício é um dos mais importantes para a indústria no país. E, cada vez mais, a agricultura e a indústria devem caminhar juntas para um denominador comum: a sustentabilidade. E a cobrança mundial por formas sustentáveis de produção e relações de consumo são crescentes, esse é hoje o grande debate mundial.

O Brasil tem o maior mercado consumidor de orgânicos da América do Sul e está em crescimento: no mercado brasileiro 70% dos orgânicos são vendidos nos supermercados, na Alemanha esse índice é de 26% e, na Itália, de 23%. Há mais de 100 feiras orgânicas no Brasil surpreendentemente, segundo o IDEC, que fez um levantamento detalhado sobre as feiras nas várias capitais do país. O IBD Certificações registra um crescimento anual de 20% em projetos de certificações, aonde temos o prazer de ter o SEBRAE como um parceiro importante na expansão da produção nacional de orgânicos certificados. Apenas o IBD possui 350 agroindústrias e indústrias alimentícias certificadas, desde micro empresas até grandes unidades de produção e,esse volume verificado no início de 2012, já é 20% maior em relação ao começo do ano anterior.

Mas a produção brasileira de orgânicos ainda é uma pequena fração do que se produz no planeta. Faturam-se no planeta U$ 60 bilhões com produtos orgânicos. No Brasil somente cerca de U$ 300 milhões e, por termos uma regulamentação nova, não há dados estatísticos seguros. Há mais de 1.578,407 unidades orgânicas de produção no planeta, com 6.500.000 trabalhadores em campo, em uma área total de 37.000.000 de hectares. No Brasil este número ainda não passa de 10.000/15.000 produtores em uma área de 1.000.000 de hectares, excluindo as áreas extrativistas.

Nos EUA, por exemplo, as vendas de orgânicos saltaram de $1 bilhão em 1990 para $26.7 bilhão em 2010. Em 2010, as vendas cresceram a um ritmo de 11.8 % em relação a 2009, apesar da crise. Orgânico representa agora 11 % de todas as vendas de frutas e verduras. O Brasil é considerado pelos principais importadores de orgânicos – EUA, União Européia e Japão – como o país de maior potencial de produção orgânica para exportação. Cerca de 70% da produção orgânica brasileira (em valor) é exportada.

Nosso grande desafio interno é a falta de investimento em pesquisas para o desenvolvimento de tecnologia no setor o que dará aumento de produção e estamos batalhando por esse avanço. Como sinal dos novos tempos, a Bayer acaba de comprar a Americana Agraquest (uma negociação de U$ 425 Milhões) por tecnologias verdes, principalmente controle biológico, numa aposta que estas empresas serão cada vez mais demandadas no futuro. Assim como a empresa holandesa Koppert Biological Systems adquiriu a Itaforte BioProdutos no Brasil, reconhecida marca nacional no controle biológico de pragas e doenças agrícolas. A Koppert, um dos maiores players internacionais de defensivos biológicos e polinizadores, expande seu mercado para o Brasil. É fato que sem a tecnologia de defensivos biológicos a agricultura orgânica assim como a agricultura moderna, não terá muitas chances de atender aos desafios atuais de sustentabilidade e adequação ambiental.

A agricultura orgânica tem os maiores índices de reciclagem interna de insumos (integração da propriedade) o que aumenta a viabilidade econômica e a lucratividade da produção. Este índice, trabalhado por instituições como ESALQ e IEA poderia ter mais reconhecimento e nortear a criação de novas tecnologias. Não é à toa que somos muito fortes na produção orgânica de açúcar, café, óleos, amêndoas, mel, hortaliças e frutas. Há uma demanda mundial reprimida de frutas orgânicas. Óleos essenciais orgânicos estão em alta, com o crescimento do mercado de cosméticos orgânicos no mercado internacional, por exemplo. Mas estamos caminhando numa agenda positiva para alinhar produção, demanda interna, exportação e o interesse das indústrias que tem papel fundamental para alavancar toda a cadeia de matéria-prima.


*Alexandre Harkaly - Co-Fundador e Diretor-Executivo do IBD Certificações.  É engenheiro agrônomo com especialização em ciência dos solos pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz – ESALQ/USP, possui especialização em agricultura biodinâmica na Emerson College, Inglaterra e aperfeiçoamento na Universidade Wageningen, Holanda.

Lançada frente parlamentar pela agroecologia e produção orgânica

A preocupação com a oferta de alimentos saudáveis marcou o lançamento da Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento da Agroecologia e Produção Orgânica na última quarta-feira (8). Deputados e ministros defenderam um novo modelo de agricultura no Brasil.

A frente quer estimular o debate em torno da alimentação saudável. É o que propõe a agroecologia e a produção orgânica: alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos, nem adubos químicos ou hormônios. A coordenadora da frente, deputada Luci Choinacki (PT-SC), destaca que os alimentos produzidos dessa forma não agridem a natureza.

A deputada define a agroecologia como um sistema de produção que busca a sustentabilidade. “Essa mudança de paradigmas na produção é um processo muito grandioso e de mentalidade. A natureza é finita, ela não é infinita. Então, se você não cuidar dela, não vai ter [seus produtos].”

Política Nacional de Agroecologia

Um decreto que vai criar a Política Nacional de Agroecologia está em fase de finalização, de acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.

Com a política, o governo pretende ampliar a produção de orgânicos e incentivar o consumo pela população. “Aumentar a produção significa também reduzir custos para o consumidor e colocar uma parcela importante da agricultura familiar dentro de uma rota de sustentabilidade”, assinalou o ministro.

Segundo a deputada, o governo pretende aumentar a produção de orgânicos de 2 para 15%.

Comercialização dos alimentos orgânicos

A comercialização de produtos agroecológicos e orgânicos foi tema debatido pelos deputados e convidados no lançamento da Frente. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reforçou que o acesso a alimentos saudáveis não pode ser restrito a quem tem maior poder aquisitivo.

A representante da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputada Marina Santanna (PT-GO) defendeu a construção de um diálogo entre o governo federal, e os governos estaduais e municipais juntamente com os movimentos locais para a ampliação do conhecimento que se tem hoje, aliado a uma mudança de mentalidade, investimentos e valores. “O uso do agrotóxico tem proporcionado problemas muito graves de saúde, ainda não mensurados totalmente, que estão dispersos na sociedade. É preciso um maior investimento para garantir a ampliação dos espaços utilizados tanto na produção como na comercialização dos alimentos orgânicos”, alertou Marina Santana.

Já o vice-coordenador da frente, deputado Sarney Filho (PV-MA), afirmou que a produção de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos, nem adubos químicos ou hormônios, como faz a agroecologia, merece destaque por trabalhar com o conceito de crescimento econômico dando igual importância para a inclusão social e aos cuidados ambientais. “Nesse cenário atual, onde os alimentos dos brasileiros são produzidos 70% pela agricultura familiar, é mais que necessária, é fundamental a ampliação da assistência técnica e o fortalecimento do setor para a continuidade da construção do desenvolvimento sustentável”, afirmou Sarney Filho.

A Frente pelo Desenvolvimento da Agroecologia e Produção Orgânica se propõe a debater o tema com a sociedade e a fortalecer a legislação no setor. Em parceria com o governo federal, pretende ainda consolidar políticas públicas que privilegiem a agricultura sustentável.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Revista A Lavoura publica reportagem sobre a Preserva Mundi

A Revista A Lavoura, do mês de junho, publicou uma  reportagem sobre a Preserva Mundi, empresa participante da rede Organicsnet. O cultivo de cerca de 160 mil árvores de Nim pela fazenda, iniciado há, aproximadamente, cinco anos, foi a pauta da matéria. A Preserva Mundi possui uma plantação orgânica certificada pela empresa suíça IMO Control; imersa em um modelo de negócio vertical, ela também industrializa os produtos derivados da planta. Localizada a 200 Km de Belém, no Pará, a Preserva Mundi fornece produtos para mais de 75 produtores rurais e tem crescimento anual de 45%.

 Leia a reportagem clicando na figura abaixo:


A Lavoura

Publicada desde maio de 1897 como órgão oficial da SNA, A Lavoura é a mais antiga revista do agronegócio brasileiro. É enviada para os associados e distribuída em universidades, centros de pesquisa e bibliotecas do Brasil e do exterior. Escrita em linguagem acessível, A Lavoura publica artigos técnicos, reportagens que abrangem todas as atividades da cadeia produtiva agrícola, além das novidades do setor.

Novo sistema da Embrapa produz tomates livres de agrotóxicos

 Comercialização dos produtos deve começar em novembro

Apesar de não utilizar agroquímicos no processo de cultivo do tomate pelo Tomatec, a produção não é orgânica

Por Globo Rural Online

Uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa promete reduzir o custo de produção, o uso de produtos químicos e a contaminação ambiental. Trata-se do sistema de produção Tomatec (Tomate Ecologicamente Cultivado), que visa garante tomates livres de resíduos de agrotóxicos e maior produtividade.

Em 2012, serão cultivados cerca de 12 mil tomateiros por meio do sistema em municípios do Rio Grande do Norte, São Paulo e Goiânia. A comercialização do produto começa a partir de novembro.

Apesar de não utilizar agroquímicos, a produção não é orgânica. O processo consiste em tomateiros sustentados por fitilhos plásticos e os frutos envolvidos em sacos de papel. O uso dos fitilhos no lugar das estacas de bambu para a sustentação das plantas permite melhor desenvolvimento dos tomateiros, além de poder ser lavado após o uso – diferente do bambu, utilizado sem higienização prévia e contaminando novas lavouras. A contaminação dos frutos também é impedida pelo uso de um saco feito com papel especial, que serve como barreira física à passagem dos agrotóxicos.

Análises realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2006 atestaram a ausência de resíduos agrotóxicos no tomate produzido com o acompanhamento da Embrapa. Em 2009, a Fiocruz realizou o mesmo exame em uma propriedade que plantou dois mil pés da fruta utilizando o sistema e sem a interferência de pesquisadores, novamente indicando que os frutos eram livres de agrotóxicos.

A conservação do solo, o uso eficiente da água e economia no uso de fertilizantes são outras vantagens do sistema. É possível diminuir perdas por erosão do solo, reduzindo a contaminação dos mananciais. A fertirrigação também proporciona a economia de água e adubos mais solúveis, representando uma queda de 40% na taxa de adubação, geralmente elevada nas lavouras de tomate.

A marca Tomatec já está registrada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial e frutos produzidos a partir deste sistema serão certificados em breve. Segundo José Ronaldo, pesquisador responsável pelo início do trabalho, pretende-se vincular um preço diferenciado à marca, de modo a assegurar mais renda ao produtor que vender os tomates livres de resíduos agrotóxicos.

Um prêmio à pioneira da agroecologia



A agrônoma Ana Primavesi luta há 65 anos pela vida dos solos; em setembro, receberá o principal prêmio mundial da agricultura orgânica

Por Tânia Rabello

A modéstia permeia as declarações da engenheira agrônoma Ana Primavesi quando ela se refere ao One World Award - o principal prêmio da agricultura orgânica mundial, conferido pela International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam). Neste ano, foi ela a escolhida para receber a homenagem, na Alemanha.

"Eles distribuem o prêmio entre os vários continentes. Agora, foi a vez da América do Sul", comenta uma das precursoras do movimento orgânico no Brasil. "Estão me premiando por toda parte... Não sei para que isso", acrescenta, quase encabulada.

E ouve, em seguida, que a homenagem que receberá no dia 14 de setembro, com a participação de mais de mil pessoas, entre elas a vencedora do prêmio Nobel Alternativo da Paz, a indiana Vandana Shiva, é mais do que merecida, pelo trabalho que vem fazendo, há 65 anos, pela agricultura ecológica, auxiliando lavradores a tornarem suas terras produtivas e limpas, em harmonia com o ambiente, eliminando o uso de agrotóxicos e adubos químicos.

"Pois é... Pelo jeito...", sorri Ana Primavesi, que arremata: "Dizem que eu inventei a agricultura orgânica. Conscientemente, não. A gente sempre trabalhou dessa forma".

Impactos positivos
 
Instituído em 2008, o One World Award é conferido a cada dois anos a ativistas da agricultura orgânica no mundo. São pessoas cujo trabalho impacte positivamente a vida dos produtores rurais.

Em 2008, quem ganhou o prêmio foi o veterinário e professor alemão Engelhard Boehncke, por suas práticas e estudos em relação à criação orgânica de animais. Há dois anos, foi a vez do indiano pioneiro em agricultura orgânica Bhaskar Salvar, que, logo no início da década de 1950, contrapôs-se à Revolução Verde - que inaugurou o uso de adubos sintéticos e agrotóxicos nas lavouras -, ensinando agroecologia aos produtores, com o uso de fertilizantes orgânicos, a manutenção da vida no solo e o fortalecimento das plantas por meio de um ambiente equilibrado.

Neste ano, Ana Primavesi será a agraciada. Aos 92 anos, austríaca naturalizada brasileira, formada pela Universidade Rural de Viena, é Ph.D. em Ciências Agronômicas e especializada em vida dos solos. Publicou vários artigos científicos e livros sobre o assunto, mas um deles, Manejo Ecológico do Solo (Editora Nobel, 552 páginas, reeditado mais de 20 vezes), é uma das bíblias da produção orgânica e leitura obrigatória nas faculdades de Agronomia do País.

A obra é citada no livro Plantas Doentes pelo Uso de Agrotóxicos, de Francis Chaboussou, no qual prova que pragas e doenças não atacam plantas cujos sistemas estejam equilibrados. E que são os adubos químicos e os agrotóxicos que atraem os parasitas, gerando um ciclo de dependência, com nefastas consequências para o planeta.

Preservação

Desde 1947, quando iniciou sua vida profissional, e por meio de aulas na Universidade Federal de Santa Maria (RS), Ana Primavesi vem batendo na tecla da preservação da vida no solo. Em aulas, palestras, conferências, debates, assistências técnicas diretas aos produtores Rurais e a suas associações, a engenheira agrônoma repete frases que se tornaram mantras.

E quem as coloca em prática vê os resultados na produção, na preservação e na saúde de quem planta e de quem consome os alimentos agroecológicos: "O segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima e nossa vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio e as plantas, nutridas."

Observação

Tanto que a primeira coisa que ensina aos agricultores que a procuram é olhar para a terra. "Se o solo tem uma boa estrutura, o agricultor tem grande chance de modificá-lo e convertê-lo para a agricultura orgânica", diz. "Terra com boa estrutura forma grumos, que nada mais são que o entrelaçamento de microrganismos que conferem vida ao solo e saúde às plantas, além de permitirem a infiltração da água. Em solos compactados e sem vida, água vira enxurrada e provoca erosão."

Ana Primavesi lembra que uma planta precisa de no mínimo 45 nutrientes para se desenvolver e produzir de forma saudável. "A agricultura convencional dá, no máximo, 15 desses nutrientes para as plantas. E nem sempre esses 15 nutrientes são integralmente ministrados às lavouras convencionais", diz.

O resultado são plantas deficientes nutricionalmente e frágeis aos ataques de pragas e doenças, dependentes, portanto, do uso de agrotóxicos.

É justamente a maneira de devolver esses nutrientes ao solo que Ana Primavesi ensina aos agricultores. Ela lembra de agricultores na cidade de Diamantina, em Minas Gerais, que há cerca de 15 anos a procuraram porque já não conseguiam produzir com o pacote convencional.

"Eles estavam a desanimados, quase falindo, porque a cada ano a terra respondia menos às adubações", conta. "Começamos a melhorar o solo e a qualidade dos nutrientes, passando a aplicar adubações orgânicas", continua. "Demorou uns quatro a cinco anos, mas agora eles produzem com fartura. Há uns anos voltei lá e vi como estavam felizes com a produção orgânica", conta Ana, ressaltando que a recompensa sempre vem. "O problema é que ela não é rápida, e muitos desistem." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Azadiractina, uma nova opção no controle de insetos

Por Uemerson Silva da Cunha  e Paulo César Bogorni  

Dentre as estratégias adotadas para minimização dos danos de insetos-praga em hortifrutigranjeiros, o controle químico tem sido a principal,  onde várias pulverizações são realizadas durante seu cultivo. Apesar disso, muitas vezes não se tem obtido a eficácia desejada, devido entre outros coisas, a seleção de populações resistentes aos princípios ativos empregados e à eliminação de populações de inimigos naturais.

Somados a estes, estão os possíveis problemas de intoxicações de  produtores e de  consumidores pelos resíduos dos agrotóxicos utilizados, bem como a contaminação ambiental. Nesse sentido, uma das alternativas que tem se mostrado promissora como componente do manejo integrado de insetos-praga, tais como a traça-do-tomateiro Tuta absoluta (Meyrick) e a mosca-branca Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B, o uso de inseticidas  naturais, predominantemente os oriundos  de  Azadirachta indica  (Meliaceae), planta inseticida de origem indiana comumente denominada nim, cujo principal composto é a azadiractina.

Os insetos tratados ou alimentados com azadiractina apresentam alterações desde a inibição do crescimento, deformações e prolongamento da fase de desenvolvimento até a morte. Nesse sentido, a utilização desse tipo de composto constitui uma alternativa viável para o controle de pragas, principalmente considerando-se que os sistemas de produção sustentáveis requerem a implantação de medidas menos agressivas e que possam ser mantidas por um maior período de tempo como parte do agroecossistema.

No Brasil, alguns trabalhos foram realizados, utilizando-se um produto formulado à base de azadiractina, visando o controle da traça-do-tomateiro e da mosca-branca. Para o controle de traça-do-tomateiro,  verificou-se que concentração do produto formulado a partir de 0,18%  foi suficiente para causar mortalidade superior a 90% das larvas no sexto dia após a aplicação. Já para mosca branca as concentrações de 0,12% e 0,24% provocaram mortalidade de ninfas superiores a 80% e 90% respectivamente, ao 15º dia após a aplicação do produto.

A azadiractina tem seu principal efeito por ingestão, assim sendo, a  mortalidade dos insetos é observada a partir do quarto dia após a aplicação. Apesar de não possuir ação de choque o efeito da  azadiractina sobre larvas e ninfa é imediato, paralisando  a alimentação e levando a morte das mesmas. A ovoposição das fêmeas também é afetada.

Por se tratar de um composto natural, extraído de uma planta, a azadiractina apresenta problemas de degradação havendo a necessidade de que produtos a base desse composto sejam formulados para aumentar a vida de prateleira e apresentarem maior eficiência em condições de campo. Também, por não deixar resíduos nos produtos tratados é um fator a mais de segurança ao consumidor.

Embora diversos produtos a base de azadiractina sejam comercializados no Brasil, esses em sua grande maioria são “óleos” que não apresentam uma garantia mínima desse composto em sua composição, além de outras impurezas. Hoje temos apenas um produto registrado no MAPA a base de azadiractina chamado Azamax® que também tem certificação para uso em agricultura orgânica. A utilização de produtos registrados nos dá não apenas a garantia da concentração do ingrediente ativo mas a segurança de uma melhor  eficácia no manejo das pragas nas lavouras. 

Bibliografia

CUNHA, U.S.; BOGORNI, P. C.; VENDRAMIM, J. D.; GONÇALVES-GERVÁSIO,  R.  C. R. Estimativa de concentrações letais de NeemAzal-TS, formulação à base de nim, para a traça -do-tomateiro Tuta absoluta (MEYRICK) In. Simpósio sobre controle biológico - SICONBIOL, VIII, São Pedro, SP, SEB, p.162, 2003.

LOVATO, B. V.;  VENDRAMIM,  J. D. Estimativa de concentrações letais de  Neemazal-TS, formulação  à  base  de  nim,  para  a  mosca-branca Bemisia tabaci (Genn.) biótipo  B . In:  XI Simpósio Internacional de Iniciação  Científica  da  USP,  2003,  Piracicaba.  Resumos.  Piracicaba: ESALQ, 2003. v.1. p.56-56.

Conheça os benefícios do Noni

A  Morinda citrifolia Linn (Noni) é uma tradicional planta medicinal que tem sido usada por mais de 2.000 anos pelos povos polinésios.

Ela possui propriedades terapêuticas que ajudam a promover a boa saúde e o bem-estar e é utilizada na medicina tradicional e popular para diversas enfermidades e afecções como alergia, artrite, asma, depressão, diabetes, hipertensão, entre outras.

O Noni auxilia a renovação das células, reduzindo os efeitos do envelhecimento. Estimula a produção de hormônios e fortalece a massa muscular e a estrutura óssea, pois contém muitos alcalóides que ajudam o corpo humano a regenerar as cédulas danificadas e a aumentar as defesas do organismo, de forma natural.

Alguns benefícios Suco de Noni (Morinda Citrifolia):

• Dá suporte ao sistema imunológico, aumentando a resistência
• Melhora o bem estar
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